As Nações Unidas alertaram nesta segunda-feira, 10, que o Sudão pode estar à beira de uma grande guerra civil, depois que um ataque aéreo matou dezenas de civis em uma área residencial de Omdurman, no oeste do país, no final de semana.
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O Ministério da Saúde sudanês informou nesta segunda que pelo menos 22 pessoas morreram e dezenas outras ficaram feridas em um bombardeio na cidade de Omdurman no início do sábado 8. O país sofre com confrontos internos há meses entre o exército regular do Sudão e paramilitares rivais.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, afirmou que o bombardeio do fim de semana indica que o Sudão está agora “à beira de uma guerra civil em grande escala”.
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“O secretário-geral continua profundamente preocupado com o fato de a guerra em curso entre as forças armadas ter levado o Sudão à beira de uma guerra civil em grande escala, potencialmente desestabilizando toda a região”, disse um comunicado do gabinete de Guterres condenando o ataque aéreo.
“[O secretário-geral] está chocado com os relatos de violência em larga escala e baixas em Darfur”, completou o comunicado, expressando preocupação com novos confrontos em alguns dos estados mais afetados do Sudão, que viram uma fuga em massa de civis.
“Há um total desrespeito pelas leis humanitárias e de direitos humanos, o que é perigoso e perturbador”, concluiu o texto.
Guterres instou as Forças Armadas Sudanesas (FAS) e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR) – as duas facções em guerra, que lutam pelo controle no Sudão – a encerrarem as hostilidades.
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O grupo paramilitar culpou o exército regular pelo ataque aéreo de sábado, descrevendo-o como “o mais severo bombardeio de aeronaves contra cidadãos inocentes”. Além disso, a facção colocou o número de mortos em 31.
Combates ferozes eclodiram entre os grupos rivais em abril, deixando centenas de mortos e milhares de feridos. Dados da Organização Internacional das Nações Unidas para Migrações (OIM) indicam que cerca de 2,8 milhões de pessoas fugiram do Sudão, muitas sem passaporte, para países vizinhos como Egito, Etiópia e Líbia.