O Programa Mundial de Alimentos (PMA), uma agência das Nações Unidas, acusou nesta segunda-feira, 31, os rebeldes houthis do Iêmen de desviar parte da ajuda humanitária destinada ao país em guerra.
Se esse “comportamento criminoso” não parar, o programa pode interromper a sua colaboração com os rebeldes, disse a agência, com sede em Roma.
Grande parte da ajuda destinada aos moradores de Sanaa, capital do país, controlada pelos rebeldes, nunca chegou ao seu destino, indicou o PMA em um comunicado.
Vários relatórios estabeleceram que parte da ajuda, na realidade, é vendida nos mercados da capital depois de ser desviada por uma organização controlada pelos rebeldes e que foi encarregada pelo PMA de distribuir essa ajuda.
Também foram detectados desvios em outras regiões do país controladas pelos rebeldes houthis, apontou o PMA.
“Este comportamento é equivalente a retirar o pão da boca de pessoas famintas”, disse o diretor-geral do programa, David Beasley, citado em um comunicado.
A guerra no Iêmen entre os rebeldes xiitas houthis, apoiados pelo Irã, e as tropas leais ao presidente Abd Rabbo Mansur Hadi se intensificou em março 2015 com a intervenção da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita junto às forças pró-governo.
Segundo o Banco Mundial, o conflito que começou em 2014 provocou uma dramática crise econômica, com uma contração do PIB de 50% desde 2015. A guerra também já deixou mais de 60.000 mortos, segundo o projeto Armed Conflict Location and Event Data (ACLED, na sigla em Inglês).
Um cessar-fogo acordado entre as forças governamentais e os rebeldes houthis no início de dezembro com a ajuda da ONU fracassou pouco tempo depois de entrar em vigor na cidade de Hodeida.
Os rebeldes houthis denunciaram nesta segunda-feira que o Exército governamental e a coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que o apoia cometeram mais de 800 infrações desde que a trégua entrou em vigor no último dia 18.
O porta-voz do movimento rebelde, o tenente-general Yehia Saria, afirmou violações aconteceram em vários pontos da cidade, onde foram lançados 52 mísseis e 451 projéteis de artilharia, enquanto a coalizão árabe realizou 75 voos nos céus da cidade portuária.
Hodeida é uma importante cidade portuária do país, por onde entra grande parte dos alimentos e da ajuda humanitária para o Iêmen.
(Com AFP e EFE)