A missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) enviada à China para investigar as origens do coronavírus afirmou nesta terça-feira, 9, acreditar que é “extremamente improvável” que a Covid-19 tenha sido gerada em um laboratório na cidade chinesa de Wuhan e se espalhado após um acidente interno.
“A hipótese de um acidente em um laboratório é extremamente improvável para explicar a introdução do vírus no homem”, declarou Peter Ben Embarek, um dos especialistas que integrou a equipe que investigou as origens da pandemia. “Na verdade, não faz parte das hipóteses que sugerimos para estudos futuros”, acrescentou.
A teoria de que o coronavírus foi uma criação de cientistas chineses começou a se espalhar já no início da pandemia, depois que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, acusou o Instituto de Virologia de Wuhan de ter deixado o vírus escapar, de forma consciente ou não.
Mike Pompeo, ex-secretário de Estado e ex-diretor da CIA da gestão Trump também deu eco às acusações. “Posso garantir de que existe uma quantidade significativa de evidência de que isso veio de um laboratório em Wuhan”, disse.
Os cientistas do laboratório em Wuhan e as autoridades chinesas negaram as alegações. A hipótese mais defendida por especialistas até o momento é de que o vírus tenha surgido no final de 2019, após contaminação por algum animal.
A transmissão de um animal é provável, mas “não se identificou ainda” qual espécie, disse nesta terça Liang Wannian, o chefe do grupo de cientistas chineses que acompanhou a missão da OMS. Ele afirmou que o coronavírus geneticamente relacionados ao SARS-Cov-2 foi identificado em animais diferentes, como morcegos e pangolins.
O especialista afirmou ainda que causa a Covid-19 poderia estar circulando em outras regiões antes de ser identificado na cidade de Wuhan, no centro da China, no final de 2019. “A maioria dos casos foi reportada na segunda metade de dezembro, muitos deles associados ao mercado de Wuhan, indicando que era um dos focos da transmissão. Não é possível com base nas atuais informações epidemiológicas determinar como o SARS-Cov-2 foi introduzido no mercado de Wuhan”, disse.
Peter Ben Embarek afirmou que o trabalho para identificar as origens do coronavírus aponta para uma reserva natural em morcegos, mas é improvável que eles estivessem em Wuhan. “Como Wuhan não é uma cidade próxima a esses ambientes de morcegos, a transmissão direta de para humanos não é muito provável. Portanto, tentamos identificar que outras espécies de animais se movimentaram ou foram trazidos para a cidade e que poderiam ter levado o vírus para o mercado”, disse.
Embarek disse que a equipe identificou os vendedores dos animais vivos no mercado, seus fornecedores e as fazendas de onde eles vieram em diferentes partes do país. Afirmou, porém, que a busca pela possível rota de introdução por diferentes espécies ainda é um trabalho em progresso.
(Com AFP)