A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta terça-feira, 25, que toda a área monitorada na África está livre do poliovírus selvagem, causador da poliomielite (paralisia infantil). O anúncio ocorre quatro anos após a identificação do último caso, no nordeste da Nigéria.
“Celebramos hoje outro triunfo da saúde pública: a erradicação do poliovírus selvagem na África. Uma conquista incrível e um aguardado motivo de comemoração”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, em reunião virtual de ministros da Saúde africanos.
A poliomielite é uma doença infecciosa viral e não tem cura. Os sintomas incluem febre, fadiga, enjoo, dor de cabeça e, em alguns casos, pode causar paralisia nas extremidades do corpo.
“É um grande marco para a África. Representa a segunda erradicação de um vírus no continente desde a varíola, há 40 anos. Agora, as futuras gerações de crianças africanas podem viver livres do poliovírus selvagem”, disse Matshidiso Moeti, diretora da OMS para a África.
O último surto de poliomielite no continente foi declarado em 2016, na Nigéria. O anúncio deixa a região do Mediterrâneo Oriental como a única com casos da doença em todo o mundo, principalmente devido a países como Afeganistão e Paquistão.
“Graças ao trabalho incansável dos governos, doadores, profissionais da saúde na linha de frente e das comunidades, até 1,8 milhões de crianças foram salvas de uma paralisia pelo resto da vida”, comunicou a OMS.
Desde o lançamento da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, em 1988, o número de casos em todo o mundo caiu mais de 99%. O Brasil recebeu o certificado de eliminação do vírus seis anos depois, em 1994.
No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Entre outras medidas, campanhas nacionais de vacinação e vigilância constante podem evitar esse cenário.
Também nesta terça-feira, a OMS declarou que a África pode ter superado o pico da pandemia do novo coronavírus. Contudo, alertou contra o relaxamento extremo de restrições, que podem facilitar uma segunda onda de contaminação.
“Parece que atingimos o pico e agora o número de novos casos diários está baixo”, disse Moeti, em videoconferência.
No entanto, nem todos os países africanos passam por essa tendência de queda, como é o caso da Namíbia, onde o número de novas contaminações está aumentando. O continente foi o menos afetado pela Covid-19 depois da Oceania, registrando cerca de 1,2 milhão de casos e 28.000 mortes, mas há suspeitas de subnotificação dos dados.
(Com AFP e EFE )