A Olimpíada de Paris já acabou, mas pegar carona e inspiração na maior competição esportiva do mundo para começar a se exercitar e levar uma vida mais ativa poderia prevenir quase 500 milhões de novos casos de doenças não transmissíveis e condições de saúde mental até 2030, de acordo com o estudo “Olympic Games: The economics of hosting the biggest sporting event in the world”, feito por economistas da Allianz Research, departamento de análise da seguradora de crédito francesa Allianz Trade.
“Além dos efeitos positivos bem estabelecidos na pressão arterial e no condicionamento físico, a atividade física também pode reduzir o risco de ansiedade, depressão e demência, bem como melhorar a saúde óssea, reduzindo o risco de osteoporose e quedas”, diz o relatório da Allianz.
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A prevenção de doenças não transmissíveis e condições de saúde mental economizaria cerca de 25,7 bilhões de euros por ano para os sistemas de saúde pública globais. Portanto, os investimentos para aumentar os níveis de atividade valeriam a pena: a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) estima que só na União Europeia cada euro investido retornaria 1,70 euro em benefícios econômicos.
Segundo os pesquisadores, deveria haver mais esforços para transformar os Jogos Olímpicos, “com sua ampla gama de modalidade, na faísca que inspira as pessoas a se tornarem mais ativas”.
“Um bom ponto de partida é como Paris 2024 defendeu com sucesso um período diário de exercícios de 30 minutos na escola primária
francesa – uma iniciativa que foi lançada em 36.800 escolas com o objetivo de atingir 4,2 milhões de alunos em todo o país”, argumenta o estudo.
Cenário aquecido no Brasil
No Brasil, seis em cada dez adultos não praticam atividades físicas nos níveis recomendados pela OMS, uma contradição, já que o mercado fitness e do bem-estar segue em proliferação, com 96 bilhões de dólares movimentados por esse mercado entre 2020 e 2022, o equivalente a quase 500 bilhões de reais na cotação atual da moeda americana. Trata-se de uma alta de 18% em relação aos três anos anteriores. Com isso, o país seria o 12o no ranking mundial do setor de bem-estar, além de liderar entre os 46 países latinos analisados.
“Os dados desse relatório fornecem indicadores importantes para as empresas, pois revelam claras oportunidades de investimento no país e promovem o desenvolvimento de uma cadeia de produção sustentável e duradoura”, diz Andressa Gulin, vice-presidente da incorporadora de luxo AG7, que patrocinou o estudo.
Esse crescimento teve que adaptar o mercado às necessidades dos consumidores, seja o interesse por atividades físicas ao ar livre, alimentação mais saudável ou itens antes “restritos” a atletas de elite, como tênis mais tecnológicos de corrida e até suplementações, géis e eletrólitos.
“O público não é necessariamente mais exigente, mas é muito mais informado e enxerga qualquer tentativa de ludibriar ou vender algo a mais, algo que de fato não seja verdadeiro e autêntico”, analisa Victor Castello Branco, CEO e Fundador da Z2 Performance. “É um movimento humano. Sempre, em todos os lugares, o ser humano busca e quer o melhor daquilo que ele está investindo o tempo dele. Seja o celular mais caro, computador que é pro, coisas premium. Aquilo que a melhor pessoa daquele segmento tem”.