Dois supostos agentes chineses presos pelo FBI nesta segunda-feira 17 em Nova York, nos Estados Unidos, foram acusados de montar uma delegacia de polícia secreta para coletar informações para o regime de Pequim.
Postos policiais “não declarados” também foram relatados na América do Norte, Europa e em outros países onde há comunidades chinesas com críticos do Partido Comunista Chinês e possuem contatos familiares ou comerciais na China.
Até o momento, o gigante asiático alegou que os “escritórios” não são delegacias, afirmando que sua função é prestar serviços e tarefas burocráticas aos cidadãos chineses em outros países, como renovação de carteiras de motorista.
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No entanto, um relatório publicado em 2022 pela ONG Safeguard Defenders, com sede na Espanha, revelou que a polícia chinesa usa escritórios internacional para espionar críticos da China no exterior, com episódios recorrentes de assédio e ameaças.
Só no ano passado, 210 mil suspeitos de fraude foram “persuadidos a retornar” à China, informou uma autoridade chinesa à agência de notícias AP News. Outros países, como o Canadá e a Irlanda, pediram que Pequim fechasse as estações em seu território.
O governo da província chinesa Fujian comunicou que estabeleceu o primeiro lote de 30 “Postos de Serviço da Polícia de Fuzhou no Exterior” em cinco continentes, em 2002. Tradicionalmente, a cidade envia ondas de imigrantes para o Sudeste Asiático, América do Norte, Austrália e Europa.
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A Safeguard Defenders estima que mais de 100 postos foram registrados em todo o mundo. Alguns deles estão em embaixadas, mas outros operam em centros comerciais frequentados por membros da diáspora chinesa.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou nesta terça-feira, 18, que “não existe uma delegacia de polícia no exterior” e acusou os Estados Unidos de “difamação e manipulação política”.
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Até o momento a China não esclareceu se vai buscar a libertação dos dois homens presos em Nova York. Com as relações diplomáticas entre o país asiático e os Estados Unidos se deteriorando a cada dia, principalmente depois que balões espiões chineses foram interceptados sobre o território americano, é possível que as delegacias estimulem o debate sobre a proibição de marcas como Huawei e TikTok no país.