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O quão popular é Donald Trump?

Os índices de aprovação do presidente republicano são bem mais baixos do que seus antecessores e a conta está nas mãos do próprio magnata

Por Daniela Flor Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 abr 2017, 16h01
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  • Que Donald Trump não é tolerado por seus numerosos adversários, se sabe desde a campanha eleitoral. Apesar de ter sido eleito pelo sistema de voto distrital americano, o presidente já começou seu mandato com pouco prestígio e rejeitado por quase metade da população (48% votou em Hillary Clinton, 46% em Trump). Em 100 dias de governo, que completa neste sábado (29), a antiga estrela de reality show aumentou suas inimizades e falhou até em assegurar o apreço de seus colegas de partido e eleitores.

    Por mais que refute a ideia de que é impopular, os números não o deixam mentir: o republicano tem os piores índices de avaliação do governo desde a Segunda Guerra Mundial. Segundo o instituto Gallup, o presidente caiu de 45% de aprovação em 20 de janeiro, quando tomou posse, para 41% no fim de abril, prestes a completar a primeira centena de dias. Não é exclusividade de um só levantamento: o agregador de pesquisas HuffPost Pollster, que leva em conta 28 índices, aponta que 52% dos americanos desaprovam a administração do magnata. Antes dele, o mais impopular foi o democrata Bill Clinton, que variou de 58% a 55% no início do mandato.

    A culpa dos números negativos que perseguem Trump não é das burocracias políticas, do Congresso, nem do Partido Republicano, mas sim do próprio magnata. A sucessão de falhas pode ser resumida em um fenômeno conhecido entre os latino-americanos, acostumados com presidentes populistas: a personificação do poder em uma figura que critica o establishment. “A agenda de campanha do candidato Trump era marcada por desprezo pela instituição presidencial”, diz o professor de Relações Internacionais da FECAP, Emmanuel de Oliveira Junior. “Com sua anti-política, ele se vê obrigado a se comportar com eterno candidato, já que o exercício da Presidência é caracterizado por interesses menores, burocracia administrativa e ritualismos institucionais desnecessários, segundo sua visão”, analisa.

    Aliadas a sua personalidade pouco formal (que já era de conhecimento do povo), algumas derrotas políticas derrubaram os índices de Trump. Se fez evidente, enfim, a falta de experiência na administração pública e o pouco apoio entre os representantes republicanos. O tão falado muro com a fronteira com o México está longe de se concretizar e a proibição para que cidadãos de sete países de maioria muçulmana entrassem nos Estados Unidos foi barrada na Justiça. “Além do travel ban, contestado no judiciário, Trump não conseguiu articular interesses divergentes dentro de seu próprio partido no Congresso e no que tange a reforma do Obamacare”, diz a coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP, Fernanda Magnotta.

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    Nem mesmo o principal sucesso de Trump na política internacional teve impacto positivo em números de aprovação. Após a decisão de lançar mísseis na Síria em retaliação a um ataque químico das forças do ditador Bashar Assad, sua aprovação permaneceu nos mesmos 40% da semana anterior, segundo o Gallup. A pesquisa apontou ainda que, apesar de elogiada por governos estrangeiros, a medida militar foi a segunda menos aprovada pela população desde 1983, com 50% de apoio.

    A queda nos dias iniciais não é uma exclusividade do republicano, mas seu problema é mais pesado que o de outros presidentes. O antecessor, Barack Obama, assim como Clinton, também enfrentou um golpe nos índices de avaliação. Por outro lado, ambos se encontravam em patamares superiores ao de Trump no gosto popular, com maior espaço para cair sem correr riscos. Como não pode se comparar aos colegas, o atual ocupante da Casa Branca usa seu método favorito: contestar dados. Na última sexta-feira, se antecipou em comentar as possíveis más avaliações e escreveu no Twitter que “não importa o que conquiste no padrão ridículo dos primeiros 100 dias”, a mídia ainda irá criticá-lo.

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    Consequências

    Com cem dias de governo, ainda é difícil afirmar que índices ruins de popularidade mostram o que o futuro reserva ao presidente. A própria capacidade das pesquisas de prever fatos já foi colocada em xeque no ano passado, após a inesperada vitória republicana. Porém, os números são mais um sintoma do perigo que as eleições de meio de mandato podem ter no Partido Republicano, em 2018, quando será votada vagas na Câmara dos Deputados e parte do Senado. Se o baque do magnata na representação legislativa dos republicanos for forte, pode ser ainda mais hostilizado por seus colegas. Sobre 2020, é cedo para cogitar, mas o que mostra o histórico de presidentes passados é que se Trump falhar em elevar os números, uma reeleição é improvável.

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