O lançamento de um novo foguete da Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês) nesta terça-feira, 9, pode devolver à Europa a capacidade de ir ao espaço sem depender de outras empresas. Com 56 metros de comprimento, o foguete Ariane 6 chega para substituir seu antecessor, Ariane 5, que foi aposentado no ano passado e deixou os europeus de mãos atadas para novas viagens ao cosmos.
A decolagem ocorrerá em Kourou, no Centro Espacial da Guiana Francesa. A localização é próxima à linha do Equador, o que proporcionaria um impulso extra e aumentaria a potência para a aeronave, segundo a ESA. A inauguração estava prevista para as 15h (horário de Brasília), mas foi postergada para as 16h após a detecção de um “pequeno problema” durante uma verificação de rotina, informou o portal da agência.
A palavra “atraso” parece fazer parte da história do Ariane 6, que deveria ter sido lançado ainda em 2020. Sem ele, a agência foi obrigada a usar um Falcon 9, da concorrente SpaceX, para estrear o telescópio espacial Euclid no ano passado. Em maio, teve que repetir a operação para lançar o satélite EarthCARE, que “transporta quatro instrumentos para observações de nuvens e aerossóis”, de acordo com a ESA.
Com a guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, a ESA perdeu acesso aos foguetes russos Soyuz, um dos responsáveis por levar satélites europeus ao espaço. A situação foi agravada no ano passado, com o fim das operações com o Ariane 5, em atividade há 25 anos — ao todo, realizou 117 lançamentos e teve apenas cinco falhas, entre 1996 e 2023. De lá para cá, a agência perdeu os meios para chegar ao espaço.
“Como a segunda maior economia do mundo, a Europa deve assegurar seu acesso ao espaço de forma segura e autônoma, para não depender das capacidades e prioridades de outras nações”, disse a ESA em comunicado. “Com o lançamento do Ariane 6, a Europa não está apenas mandando um foguete para o céu, nós estamos afirmando nosso lugar entre as nações do mundo exploradoras do espaço.”
Sobre Ariane 6
O foguete terá duas versões: Ariane 62, com dois propulsores para “viagens institucionais”, e Ariane 64, com quatro para o “mercado comercial”, informou a Arianespace, empresa francesa que operará o novo lançamento da ESA. Para a decolagem desta terça-feira, ele contará com dois foguetes auxiliares, também chamados de boosters.
Espera-se que o modelo reduza em 40% os custos da ESA em relação aos voos da Ariane 5, que custavam cerca de US$ 175 milhões, e entre na competição contra a SpaceX, empresa do magnata Elon Musk. O lançamento será dividido em três fases: “do solo à órbita”, “reignição do estágio superior e implantação do satélite” e “demonstrações tecnológicas, desorbitação e separação de cápsulas”. O evento será transmitido ao vivo pela ESAWebTV, no YouTube.