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O mundo árabe se cansou da democracia, diz pesquisa

Mais da metade dos entrevistados concordam que a economia é fraca sob um sistema democrático

Por Vitória Barreto Atualizado em 6 jul 2022, 20h11 - Publicado em 6 jul 2022, 18h54
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  • Um estudo publicado nesta quarta-feira, 6, aponta que mais da metade dos entrevistados de países árabes afirmam que estão mais preocupados com a eficácia das políticas de seu governo do que com o tipo de governo. A pesquisa ocorreu um pouco mais de uma década após os protestos da Primavera Árabe (2011) que exigiam mudanças democráticas.

    Cerca de 23.000 pessoas foram entrevistadas em nove países: Iraque, Tunísia, Líbano, Líbia, Mauritânia, Sudão, Jordânia, Marrocos, Egito e territórios palestinos para a BBC News Árabe e a rede Arab Barometer.

    Dos países pesquisados, somente o governo da Tunísia permanece tecnicamente democrático.  No entanto, o país vive em meio à paralisia política e convulsões econômicas. O presidente tunisino, Kais Saied, já suspendeu atividades parlamentares e demitiu o primeiro-ministro ano passado. Ele quer fazer uma reforma na estrutura do governo e defende o discurso que irá limpá-lo de sua corrupção. Na semana passada, o político publicou um novo projeto de constituição antes de ir para um referendo nacional marcado para 25 de julho. Se aprovado, poderia empurrar o país de volta ao autoritarismo.

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    O diretor regional do Oriente Médio e Norte da África na Comissão Internacional de Juristas com sede em Genebra, Saïd Benarbia, apontou no twitter várias instâncias nas quais o projeto constitucional é antidemocrático.

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    https://twitter.com/Said_Benarbia_/status/1542649939632726023?s=20&t=SamL68XFD8g6J2xy1qW2EQ

    “Como esperado, prevê um sistema presidencial desenfreado, com um presidente onipotente, um parlamento impotente e um judiciário desdentado”, afirmou Benarbia. 

    A Arab Barometer, rede de pesquisa sediada na Universidade de Princeton, trabalhou com universidades no Oriente Médio e Norte da África para analisar o fenômeno antidemocrático no final de 2021, até a primavera de 2022. 

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    O diretor da rede, Michael Robbins, afirmou que houve mudança na opinião da população árabe nos últimos dois anos. “Há uma percepção crescente de que a democracia não é uma forma perfeita de governo e não vai consertar tudo.”

    “O que vemos em toda a região é pessoas passando fome, pessoas precisam de pão, pessoas estão frustradas com os sistemas que têm”,  acrescentou. 

    Tunisianos, por exemplo, estão focados em sobreviver, isto diverge a atenção da população ao novo projeto constitucional de Saied. Menos de 10% dos cidadãos considerados elegíveis  para participar da criação do documento em uma pesquisa online o fizeram. 

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    Em sete países e nos territórios palestinos, mais da metade dos entrevistados da pesquisa do Arab Barometer concordam que seu país precisa de um líder que possa “quebrar as regras” se necessário “para fazer as coisas”. A pesquisa demonstra que 81% da população tunisiana concorda com esta afirmação. Apenas em Marrocos menos da metade (47%) é contra este pensamento.

    “Agora, infelizmente, a Tunísia, está voltando ao autoritarismo, ou o que chamamos de retrocesso democrático, que é uma tendência em todo o mundo hoje”, disse à BBC, o co-fundador do Arab Barometer e reitor da Princeton School of Public and International Affairs,  Amaney Jamal. 

    “Acho que um dos principais impulsionadores não é um compromisso com o autoritarismo ou uma cultura política autoritária, é realmente uma crença agora de que a democracia falhou economicamente na Tunísia”, acrescentou. 

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