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‘O medo está sempre comigo’, diz brasileiro resgatado de Gaza

Grupo recepcionado pelo presidente Lula conta sobre a vida na zona de guerra e traça planos futuros

Por Amanda Péchy
Atualizado em 14 nov 2023, 12h40 - Publicado em 14 nov 2023, 09h24
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  • Recepcionados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na chegada à Base Aérea de Brasília, na noite desta segunda-feira 13, os 32 brasileiros resgatados da Faixa de Gaza fizeram relatos sobre a dura vida por mais de um mês em uma zona de guerra.

    Durante 37 dias, eles aguardaram permissões de autoridades israelenses, palestinas e egípcias para cruzar a fronteira de Rafah, única porta de saída operante de Gaza, para o Egito, e voltar ao Brasil. O governo já resgatou 1.477 brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio em voos da Força Aérea, a grande maioria do território israelense.

    Hasan Rabee, um dos porta-vozes do grupo, já havia conversado por telefone com o presidente Lula de Khan Yunis, no sul de Gaza. De acordo com o presidente, ele foi a um casamento da irmã em Gaza e, depois de três dias lá, eclodiu o conflito e ele ficou preso.

    “Foram 37 dias de muito sofrimento. Às vezes a gente passava fome e sede porque acabava a comida para comprar”, disse Rabee, acrescentando que a embaixada do Brasil em Ramalah, na Cisjordânia, outro território palestino, deu desde suporte psicológico até para alimentação.

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    “A gente está muito alegre com essa volta porque a gente estava no pior lugar do mundo”, completou.

    Rabee também contou que, quando o grupo finalmente conseguiu sair de Gaza para o Egito, onde foram almoçar na cidade costeira de Al Arish, o alívio das crianças foi tanto que não se aguentaram e saíram correndo na praia para brincar. “Esse momento foi, para mim, emocionante”, recordou.

    Agora, ele faz planos de retomar a vida em São Paulo, ao mesmo tempo em que mantém a esperança de que seus familiares possam também ser resgatados.

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    Mahmoud Abuhaloub, outro dos integrantes do grupo, afirmou que o desembarque em Brasília foi o primeiro momento em que se sentiu seguro no último mês.

    “Foi terrível. O medo está sempre comigo. Quando dormindo, quando acordado, quando andando na rua. Não tem lugar seguro”, resumiu. “Agora, finalmente meu corpo está relaxado, apesar da mente e coração, não. Ainda tenho irmãos, sobrinhos que ficaram em Gaza. Estou preocupado por isso.”

    Abuhaloub afirmou que vai retornar ao Rio Grande do Sul, onde já morou, e recomeçar a vida, ao lado do filho que ainda mora em Porto Alegre.

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    A brasileira Shahd Albanna, que desceu do avião ao lado da irmã Shams, portando uma bandeira nacional, morava na Faixa de Gaza havia um ano e meio.

    “Fui para lá porque minha mãe teve câncer e queria voltar para Gaza para se despedir da família lá. Infelizmente, ela faleceu quando chegamos”, lembrou.

    Assim como seus colegas de voo, ela torce para que os familiares no território palestino possam em breve se juntar a ela no Brasil.

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    “Além de estar feliz, a gente também está preocupada com os familiares. Eu já perdi muitos. Já perdi amigas. Perdi a minha casa. Foi destruída. Queria muito poder ajudar a retirar os nossos familiares de lá”, declarou.

    Lula prometeu manter o empenho na repatriação de brasileiros e parentes que queiram refazer a vida no Brasil.

    “A gente está recebendo 32 seres humanos que já viveram em paz, que sabem o que é a paz, que sabem o que é harmonia, e não precisavam viver no inferno que viveram durante esses últimos 37 dias. Nós não vamos deixar lá nenhum brasileiro que queira voltar”, disse o presidente.

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    Para garantir o bem-estar dos brasileiros repatriados, o governo organizou uma operação de acolhimento com suportes na área de saúde, de documentação e de assistência social. O grupo ficará por 48 horas numa estrutura da Força Aérea Brasileira em Brasília, onde terão acesso a exames de rotina, vacinação para as crianças, emissão de documentos e alimentação de qualidade e adaptada, segundo o Itamaraty.

    A tenente Thais Nascimento Costa, que compôs a equipe de saúde no voo de resgate dos brasileiros de Gaza, afirmou que o estado psicológico dos resgatados exige atenção especial.

    “Eles passaram por um período difícil, sem água, sem comida. Foram tirados de suas casas. Estão bem fisicamente, mas precisam de cuidado para conseguirem daqui para a frente continuar”, resumiu.

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