O espetáculo e o escândalo: bastidores dos Jogos Olímpicos de Paris
Dois dias antes do show de atletas de elite dos saltos ornamentais, um caso de corrupção veio à tona
Plantada no cenário em 1889, quando a celebração do centenário da Revolução Francesa, somada a um intenso frenesi, fazia com que os olhos do mundo se voltassem para Paris, a Torre Eiffel acabou virando um símbolo indissociável da cidade. É hoje um dos cartões-postais mais visitados do planeta, e quem nunca teve a oportunidade de tocar em suas treliças, agora em franca renovação para a Olimpíada de 2024, ao menos apreciou a distância esse criativo produto da engenharia. Como parte dos preparativos para os Jogos, no domingo 18, atletas de elite dos saltos ornamentais voavam de plataformas que superavam os 20 metros rumo ao Rio Sena, que também está passando por uma faxina como nunca antes para abrigar a cerimônia de abertura, tendo justamente a torre ao fundo. Essa era, naquela ensolarada manhã, a parte mais visível da corrida para organizar evento esportivo de tamanha envergadura. Nas sombras, porém, se desenrolava enredo bem menos aprazível. Dois dias depois do show dos virtuosos saltadores, a polícia francesa realizou operações em equência na sede do comitê organizador local e na Empresa de Obras Olímpicas. A razão, segundo o Ministério Público, são suspeitas de favorecimento e ações ilegais em torno de vultosos contratos olímpicos. O roteiro não chega a surpreender. Casos de corrupção mancharam os espetáculos em Tóquio e no Rio de Janeiro, onde as investigações seguem até hoje. Que os Jogos de Paris sejam limpos e façam jus a toda a beleza que os cerca.
Publicado em VEJA de 28 de Junho de 2023, edição nº 2847