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O bate-boca entre os chefes da ONU e da COP28 sobre combustíveis fósseis

António Guterres e o sultão Ahmed Al-Jaber entram em conflito sobre quais medidas devem ser adotadas para reduzir o aquecimento global

Por Da Redação
Atualizado em 1 dez 2023, 13h06 - Publicado em 1 dez 2023, 11h35

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chegou à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidas, com um recado simples e forte: o mundo precisa planejar um futuro sem combustíveis fósseis. Não há outra forma de conter o aquecimento global, disse ele, ao rebater as falas do presidente da cúpula, sultão Ahmed Al-Jaber, que na véspera propôs dar continuidade ao uso de petróleo e gás.

“Não podemos salvar um planeta em chamas com uma mangueira de incêndio de combustíveis fósseis”, declarou Guterres. “Só será possível nos atermos ao limite [de aquecimento] de 1,5 graus se pararmos de queimar todos os combustíveis fósseis. Não apenas reduzirmos ou diminuirmos [seu uso].”

As visões concorrentes resumiram a questão mais controversa que os líderes mundiais enfrentam no encontro climático das Nações Unidas deste ano, justamente nos Emirados Árabes Unidos, rico país do Golfo produtor de petróleo.

+ Leia na íntegra o discurso de Lula na sessão de abertura da COP28

Debate quente

Após os comentários de Al-Jaber, Hilda Heine, a ex-presidente das Ilhas Marshaw, país que enfrenta inundações devido ao aumento do nível do mar causado pelo clima, renunciou ao principal conselho consultivo da COP28 nesta sexta-feira, 1.

Segundo ela, o ato foi um protesto contra o apoio dos Emirados Árabes ao uso contínuo de combustíveis fósseis. Heine disse em sua carta de demissão que estava “profundamente decepcionada” com o fato de Dubai ter usado seu papel na COP28 para intermediar negócios de petróleo e gás. O país negou veementemente as acusações.

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“Estas ações minam a integridade da presidência da COP e do processo como um todo”, escreveu.

Outro ponto de discussão no evento deve ser a questão de quem deve pagar o preço pela transição à economia verde. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, responsabilizou os países ricos pela maior parte das emissões de carbono do mundo, que contribuem para o aquecimento global desde a Revolução Industrial.

“Não temos muito tempo para corrigir os erros do século passado”, disse Modi. “Ao longo do século passado, uma pequena parte da humanidade explorou indiscriminadamente a natureza. No entanto, toda a humanidade está pagando o preço por isso, especialmente as pessoas que vivem no sul global.”

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+ COP28: Lula critica lucro com guerras e cobra ações concretas sobre clima

Discurso real

O monarca britânico Charles III apelou aos líderes mundiais para que fizessem progressos verdadeiros na agenda climática.

“Os cientistas vêm alertando há muito tempo que estamos alcançando ‘pontos de não retorno’ alarmantes”, disse ele. “A menos que reparemos e restauremos rapidamente a economia da natureza, baseada na harmonia e no equilíbrio, que é o nosso sustentador final, a nossa própria economia e capacidade de sobrevivência estarão em perigo.”

Os comentários do representante da coroa, cujo papel é em grande parte cerimonial, parecem estar em desacordo com o próprio governo do Reino Unido. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, reverteu várias medidas internas que haviam sido definidas por governos anteriores para ajudar o país a cumprir suas metas para zerar emissões líquidas de carbono até 2050.

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+ COP28: Países ricos aceitam custear fundo contra desastres climáticos

Acordo da COP28

Nos bastidores da COP28, delegações e comitês técnicos trabalham arduamente. Nesta sexta-feira, as Nações Unidas publicaram o que pode ser o primeiro rascunho de um acordo final do evento, que termina no dia 12 de dezembro. O projeto oferece “blocos de construção” para um resultado político e inclui várias opções para definir qual será o papel (se houver) dos combustíveis fósseis no futuro.

Uma das opções envolve a inclusão de compromissos para reduzir ou eliminar progressivamente a utilização de petróleo e gás, abandonar totalmente o carvão e triplicar a capacidade de energia renovável até 2030. Apesar disso, os Emirados Árabes pressionaram os países a trabalharem em conjunto com as empresas petrolíferas para chegar a um meio termo.

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