Nove ativistas pró-democracia de Hong Kong foram considerados culpados nesta quinta-feira, 1º, por seu papel na organização de um dos maiores protestos de 2019. Os manifestantes podem ser condenados a até 10 anos de prisão.
Entre os condenados há ativistas muito respeitados pela sua luta por liberdades na ex-colônia britânica. Um dos mais conhecidos é o advogado Martin Lee, de 82 anos. Antes da devolução de Hong Kong para a China em 1997, ele foi escolhido por Pequim para redigir a lei fundamental, que funciona como uma miniconstituição.
Também foram processados a ex-deputada da oposição e advogada Margaret Ng, de 73 anos, assim como o magnata da mídia Jimmy Lai e o ex-deputado Leung Kwok-hung. Os dois últimos se encontram em prisão preventiva após serem enquadrados na draconiana lei de segurança nacional imposta por Pequim no final de junho de 2020.
Os demais são figuras da Frente Civil pelos Direitos Humanos (CHRF), coalizão que organizou as manifestações gigantescas de 2019. O maior dia de protestos, incitado pelas tentativas da China de interferir na política local, reuniu 1,7 milhão de manifestantes, o que representa quase um em cada quatro habitantes de Hong Kong.
O Tribunal de Distrito de Hong Kong declarou sete deles culpados de organizar e participar de um comício ilegal. Os outros dois se declararam culpados.
“Independentemente do que o futuro nos reserva, nunca vamos parar de ir às ruas”, disse o o ex-deputado e líder sindical Lee Cheuk-yan a repórteres, após recebe a notícia da condenação.
Fim da oposição
No início da semana, o governo da China aprovou uma lei que restringe drasticamente o direito dos cidadãos de Hong Kong de se candidatarem e fortalece ainda mais o poder de Pequim sob um território que deveria ser semiautônomo. A medida reduz o número de parlamentares eleitos diretamente e, na prática, impede a oposição de obter maioria no legislativo.
Antes dessas mudanças, o Parlamento era dividido entre assentos eleitos diretamente pelo povo e os chamados ‘constituintes funcionais’, assentos escolhidos por órgãos comerciais e industriais aliados de Pequim. No novo sistema, a legislatura se expandirá para 90 assentos, sendo 40 deles nomeados por um Comitê Eleitoral recém-nomeado com maioria indicada pelo governo. Os constituintes funcionais controlarão 30 cadeiras, enquanto apenas 20 serão eleitos diretamente pelo público.
A reforma foi imposta pelo governo chinês sem consultar o Conselho Legislativo (LegCo), o parlamento de Hong Kong.