O vice-presidente, general Hamilton Mourão, se reuniu na segunda-feira 8 com o vice americano, Mike Pence, e refutou a possibilidade de qualquer intervenção militar na Venezuela. Para Mourão, a pressão econômica feita pelos Estados Unidos sobre o regime de Nicolás Maduro deve propiciar o fim do governo chavista.
“Isso é um processo, não há solução imediata para esse processo vivido na Venezuela. A questão econômica está chegando num ponto de estrangular o país e esse momento será o momento que as Forças Armadas (venezuelanas) então terão condição de assumir o poder e abrir o caminho para a saída do governo Maduro”, afirmou Mourão a jornalistas após a reunião.
Os Estados Unidos têm adotado sanções econômicas contra aliados de Maduro. Mourão mencionou as últimas sanções impostas pelos americanos, na sexta-feira 5, que atingem o petróleo exportado da Venezuela para Cuba. Caracas envia a Cuba 59.000 barris de petróleo por dia, que equivalem a 70% do consumo de Havana.
“A situação está difícil, não tem bolinha de cristal para chegar e dizer é amanhã, ou semana que vem, mas eu vejo que o desenlace está próximo”, afirmou Mourão.
Segundo o vice, Pence quis saber a opinião do brasileiro sobre a crise no país vizinho. Ele disse ter expressado o que vem repetindo nos últimos dias: a solução para a crise na Venezuela precisa ser resolvida pelos próprios venezuelanos. “Nenhum de nossos países irá intervir na Venezuela de maneira militar. A questão militar é dos venezuelanos”, afirmou Mourão.
Os dois vice-presidentes também falaram sobre a presença militar da Rússia na Venezuela. Mourão disse que a questão preocupa, porque Moscou é uma força externa ao continente. “A Rússia está tentando manter os seus interesses, uma vez que investiu bastante dinheiro”, disse.
A reunião entre o americano e o brasileiro durou cerca de 30 minutos. Os dois também falaram sobre as relações do Brasil com a China. Pence apresentou a Mourão “preocupações” com relação a questões de propriedade intelectual e disputa tecnológica com relação à China, mas disse entender que o país é um grande parceiro comercial do Brasil.
O brasileiro disse ter deixado claro que o Brasil “busca com a China um relacionamento estratégico na busca de beneficio mútuo para ambos os países”. Mourão negou que os dois tenham falado sobre a eventual transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém.
O vice-presidente também alertou que um grande número de cubanos está na Venezuela lidando com os serviços de inteligência de Nicolás Maduro e afirmou que parte deles atua nos grupos simpatizantes do chavismo, conhecidos como coletivos.
“Acredito que é uma tarefa das Forças Armadas da Venezuela fazer um trabalho de neutralização dessas milícias, desses coletivos, para que então possamos chegar a uma solução acertada para a saída de Maduro”, declarou.
Em março, o presidente Jair Bolsonaro foi recebido na Casa Branca pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na ocasião, ao ser perguntado por um jornalista se permitiria que o território brasileiro fosse usado para uma intervenção militar americana na Venezuela, Bolsonaro deu uma resposta ambígua.
“Tem certas questões que, se você divulgar, deixam de ser estratégicas. (…) Essas questões reservadas, que podem ser discutidas, se já não foram, não poderão se tornar públicas”, afirmou Bolsonaro ao lado de Trump.
Após o encontro, Bolsonaro voltou atrás, minimizou a opção bélica e descartou uma intervenção para resolver a crise da Venezuela.
(Com EFE e Estadão Conteúdo)