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Nobel de Literatura: a premiação encrencada

Dois escritores foram agraciados na quinta-feira 10: a polonesa Olga Tokarczuk, de 57 anos, e o austríaco Peter Handke, de 76

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 15h27 - Publicado em 11 out 2019, 06h00
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  • O Nobel da Literatura agraciou dois escritores na quinta-feira 10: a polonesa Olga Tokarczuk, de 57 anos, e o austríaco Peter Handke, de 76. Olga foi aclamada vencedora de 2018, ano em que a Academia Sueca suspendeu o prêmio ao se ver em meio a um escândalo de assédio sexual — que culminou com a condenação por estupro do marido de Katarina Frostenson, integrante da instituição.

    A autora foi uma escolha ideal para limpar a barra da Academia. Ecologista e feminista, Olga foi psicóloga antes de se devotar à literatura. Seus romances bebem da história do Leste Europeu, com críticas políticas e elementos míticos. Voz contrária ao governo populista conservador de seu país, Olga é quase uma “Chico Buarque polonesa” — ao vencer o Nobel, porém, as autoridades locais tiveram educação suficiente para parabenizá-la no Twitter. No Brasil, dois livros seus serão lançados pela Todavia: Sobre os Ossos dos Mortos e Viagens (vencedor do Man Booker Prize).

    Já Handke, que ficou com o prêmio de 2019, tem a reputação manchada. Apesar de aclamado por sua literatura humanista, especialmente por roteiros de filmes como Asas do Desejo (1987), parceria com o diretor alemão Wim Wenders, o austríaco foi amigo de Slobodan Milosevic, o líder sérvio conhecido como “Carniceiro dos Bálcãs” por seus crimes de guerra na dissolução da antiga Iugoslávia. Handke foi ao julgamento internacional de Milosevic em Haia e discursou em seu funeral. Nem bem saiu de uma encrenca, o Nobel de Literatura já entrou em outra.

    OLGA-TOKARCZUK-NOBEL-LITERATURA-2018
    CORREÇÃO – A feminista Olga: “Chico Buarque da Polônia” (Roberto Ricciuti/Getty Images)

    Medicina

    Laureados: o nefrologista britânico Peter Ratcliffe e os oncologistas americanos William Kaelin Jr. e Gregg Semenza.
    Por que ganharam: pela pesquisa, divulgada em 1995, sobre como as células do corpo se adaptam de acordo com a disponibilidade de oxigênio.
    Utilidade prática: a descoberta impulsionou o desenvolvimento de novas terapias contra cânceres e doenças cardiovasculares, entre outros males.

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    Física

    Laureados: metade do prêmio foi concedida ao físico canadense James Peebles, enquanto a outra parte do valor ficou com os astrônomos suíços Michel Mayor e Didier Queloz.
    Por que ganharam: os três contribuíram para o entendimento sobre a evolução do universo e o papel da Terra no cosmos, principalmente por meio da descoberta do primeiro exoplaneta — fora do sistema solar —, em 1995.
    Utilidade prática: com estudos iniciados nos anos 1960, Peebles elaborou construções teóricas da cosmologia que previram a existência de um tipo de radiação que acabou por calcar a teoria do Big Bang. Mayor e Queloz foram os responsáveis pelo achado do planeta 51 Pegasi b, localizado a 50 anos-luz da Terra.

    Química

    Laureados: o físico americano John Goodenough e os químicos Michael Stanley Whittingham, da Inglaterra, e Akira Yoshino, do Japão.
    Por que ganharam: pelo desenvolvimento de baterias de íons de lítio, em trabalhos executados entre as décadas de 70 e 90.
    Utilidade prática: em razão das descobertas do trio, as baterias hoje são recarregáveis, mais leves e mais resistentes, principalmente as usadas em celulares e em carros elétricos.

    Publicado em VEJA de 16 de outubro de 2019, edição nº 2656

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