Israel e Hamas iniciaram negociações nesta segunda-feira, 27, para estender o acordo que estabeleceu uma trégua temporária na Faixa de Gaza para permitir a libertação de reféns sequestrados pelo grupo terrorista em troca de palestinos detidos em prisões israelenses. O prazo do cessar-fogo no cerne da operação, que começou na última sexta-feira, expira nesta terça-feira, 28, às 7h do horário local (2h em Brasília).
De acordo com autoridades de ambos lados do conflito, há interesse em prolongar a trégua para que haja mais libertações de reféns, em sua maioria israelenses, presos em Gaza em troca de prisioneiros palestinos, mulheres e adolescentes condenados por conexão com grupos terroristas.
O Catar, contudo, disse que o Hamas ainda precisa localizar dezenas de reféns para estender a trégua. O primeiro-ministro do estado, Xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, disse acreditar que pelo menos 40 mulheres e crianças estejam detidas por outras facções islâmicas dentro da Faixa de Gaza.
“Se conseguirem mais mulheres e crianças, haverá uma prorrogação”, disse ele em entrevista ao jornal britânico Financial Times. “Ainda não temos informações claras sobre quantas pessoas podem encontrar, porque um dos propósitos [da pausa] é ter tempo para procurar o resto das pessoas desaparecidas.”
Acredita-se que muitos reféns estejam nas mãos de outros grupos, como a Jihad Islâmica Palestina, ou de civis que seguiram o exemplo dos militantes do Hamas e sequestraram israelenses no grande ataque de 7 de outubro.
No domingo 26, a terceira leva de solturas ocorreu sem complicações. Foram libertos 17 reféns, incluindo um cidadão russo e três cidadãos tailandeses. Os israelenses eram todos mulheres ou crianças. Em troca, 39 prisioneiros palestinos, a maioria crianças, deixaram prisões israelenses.
Nesta segunda-feira, porém, tanto Israel quanto o Hamas levantaram preocupações sobre as listas de pessoas que devem ser libertadas na última fase da operação (se não houver uma extensão). Mediadores do Catar disseram que estão trabalhando para resolver a questão.
“Há um pequeno problema com as listas de hoje. Os cataris estão trabalhando com ambos os lados para evitar atrasos”, disse uma autoridade do Catar à agência de notícias Reuters.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse no domingo que não queria pôr fim ao cessar-fogo, mas prometeu que seu país retomaria a ofensiva militar em Gaza no final da trégua. Ele afirmou que acolheria uma prorrogação do acordo que permitisse a libertação de 10 reféns adicionais a cada 24h, em troca da liberdade de 30 prisioneiros palestinos, conforme estabelecido no pacto original.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, um dos responsáveis por mediar o acordo entre Israel e Hamas, também disse no domingo que seu governo “continuaria pessoalmente empenhado em garantir que este acordo seja totalmente implementado e também trabalharia para estendê-lo”.
A mídia israelense relatou otimismo entre altos funcionários de que a trégua, resultado de várias semanas de complexas negociações secretas, seria prorrogada.
Até agora, 62 dos mais de 240 reféns – incluindo crianças, idosos, deficientes, soldados e estrangeiros – sequestrados pelo Hamas há quase dois meses foram libertados na operação. Outro foi resgatado pelas forças israelenses anteriormente, e dois foram encontrados mortos dentro de Gaza.
Em contrapartida, um total de 117 palestinos foram soltos desde o início da trégua.
O conflito foi desencadeado quando o Hamas invadiu cidades do sul de Israel, em 7 de outubro, disparando ao menos 300 foguetes contra o país e matando mais de 1.200 pessoas, a maioria civis. Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma ofensiva militar ampla contra a Faixa de Gaza por ar, terra e mar, provocando a morte de entre 13 mil e 15 mil palestinos, cerca de dois terços dos quais são mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Mais de 1 milhão de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.