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No primeiro dia de nova lei de segurança, Hong Kong prende 180 pessoas

Sete manifestantes foram acusados de violar nova legislação e poderão ser enviados à China; polícia usou spray de pimenta e jatos d'água contra protestos

Por Da Redação
Atualizado em 1 jul 2020, 09h22 - Publicado em 1 jul 2020, 09h11
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  • A polícia de Hong Kong prendeu nesta quarta-feira, 1, ao menos 180 pessoas no primeiro dia após a promulgação da nova lei de segurança por Pequim. A China confirmou que alguns dos detidos serão extraditados para o continente.

    Na terça-feira 30, o presidente chinês, Xi Jinping, promulgou a nova lei de segurança na ex-colônia britânica, uma medida histórica denunciada por muitos governos ocidentais como uma agressão sem precedentes contra as liberdades e a autonomia da cidade. Nesta quarta, Hong Kong comemora o 23º aniversário de sua devolução à China após o mandato britânico.

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    Policiais do Batalhão de Choque usaram spray de pimenta e jatos d’água para dispersar manifestantes no centro da metrópole financeira. Entre as 180 pessoas detidas, sete delas foram enquadradas com base na nova lei.

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    As pessoas foram detidas “por participarem em assembleias não autorizadas, perturbação da ordem pública, posse de armas e outras ofensas relacionadas”, anunciou a força de segurança em sua conta no Twitter. A primeira pessoa presa sob a acusação de violar a nova lei foi um homem que carregava uma bandeira a favor da independência de Hong Kong.

    A oposição no território e vários países ocidentais criticaram a lei e temem que represente o início de uma nova era de repressão política. O compromisso alcançado entre Reino Unido e China para a devolução de Hong Kong em 1997 determinou que a região gozaria de liberdades civis, assim como de autonomia legislativa e judicial, até 2047, no que foi denominado “um país, dois sistemas”.

    Ativistas convocaram a população a desafiar a proibição de protestos com manifestações. As reuniões de mais de 50 pessoas estão proibidas como parte das medidas de combate ao novo coronavírus.

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    As autoridades proibiram pela primeira vez em 17 anos a tradicional passeata pelo aniversário da devolução do território. Apesar da proibição, muitos manifestantes saíram às ruas e gritaram frases independentistas. A polícia afirmou que um agente foi esfaqueado no ombro quando tentava prender uma pessoa.

    Durante as cerimônias para celebrar o 23º aniversário da devolução à China, helicópteros sobrevoaram Victoria Harbour com uma grande bandeira chinesa e uma menor de Hong Kong, enquanto um barco navegava com uma faixa com a frase “Bem-vinda a promulgação da Lei de Segurança Nacional”.

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    Pequenos grupos de simpatizantes de Pequim exibiram bandeiras chinesas, sem incidentes. O aniversário de 1º de julho tradicionalmente é um dia de divisões na cidade. Os moradores leais a Pequim comemoram a retrocessão de Hong Kong à China, após um século e meio do que consideram uma humilhante colonização britânica.

    Jurisdição chinesa e prisão perpétua

    A fórmula “um país, dois sistemas” inicialmente ajudou a estabelecer o status de Hong Kong como um centro financeiro mundial, reforçado por um poder Judiciário independente e liberdades políticas desconhecidas na China continental.

    A oposição acusa Pequim de reduzir este status e considera a nova lei de segurança a medida mais grave até o momento. O texto foi aprovado em apenas seis semanas, sem passar pelo Conselho Legislativo de Hong Kong.

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    A lei entrou em vigor quase um ano após o início das grandes manifestações pró-democracia na ex-colônia britânica contra a influência do governo central. O texto permite reprimir quatro tipos de crimes: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com sentenças que podem chegar à prisão perpétua.

    Também acaba com a barreira legal que existia entre o Judiciário da cidade e os tribunais controlados pelo continente. A China continental pode assumir diretamente os casos em três situações: casos complexos de interferência estrangeira, ações consideradas “muito graves” e se existem “ameaças graves e reais” contra a segurança nacional. Outro dispositivo prevê a jurisdição universal para os crimes de segurança cometidos em outros países.

    “A China prometeu 50 anos de liberdade ao povo de Hong Kong, mas deu apenas 23”, declarou o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, ao mesmo tempo que ameaçou adotar novas represálias. O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, afirmou nesta quarta-feira que a nova lei constitui uma “violação manifesta da autonomia” da ex-colônia. Também citou uma “ameaça direta” para as liberdades da população.

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    Pequim respondeu que a nova lei “não é assunto” dos demais países, enquanto a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, considerou o texto o “fato mais importante” do território desde a devolução à China.

    A União Europeia (UE) considerou nesta quarta-feira que é “essencial” proteger plenamente os direitos e liberdades existentes em Hong Kong. O Canadá advertiu seus cidadãos em Hong Kong que enfrentam um risco maior de detenções arbitrárias e até de extradição para a China continental.

    Em Taiwan, as autoridades abriram um novo escritório para receber os cidadãos de Hong Kong que desejam se mudar para a ilha. Pequim afirma que a lei vai restaurar a estabilidade após um ano de protestos e que não acabará com as liberdades de Hong Kong.

    (Com AFP)

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