O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, viajará para Moscou na próxima quinta-feira, 4, para um encontro com o presidente russo Vladimir Putin, informou nesta terça-feira, 2, o gabinete do líder israelense. A agenda se dará a apenas cinco dias da eleição legislativa em Israel, que poderá pôr fim aos 10 anos de Netanyahu no poder, e um dia depois da partida do presidente Jair Bolsonaro, que lhe deu seu apoio.
O comunicado não informou quais são os objetivos da reunião mas na segunda-feira 1, o premiê já havia contado a repórteres que ele e Putin conversaram por telefone sobre a situação na Síria. O presidente sírio, Bashar al-Assad, é apoiado pelos russos na guerra civil que já se arrasta há oito anos.
Mas foram os Estados Unidos e seus aliados curdos sírios que anunciaram a vitória sobre o Estado Islâmico. O presidente americano, Donald Trump, reconheceu a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, tomadas da Síria em 1967.
O governo israelense teme que o grupo jihadista libanês Hezbollah, que luta ao lado das tropas de Assad, possa comandar ataques contra Israel se aproveitando de suas tropas na Síria. No início de fevereiro, Netanyahu avisou que pode enviar uma “mensagem muito poderosa” contra as organizações que ameaçam Israel.
“Assim como paramos os túneis de terror que entram em Israel, vamos parar toda a agressão do Líbano, da Síria ou do próprio Irã”, disse o premiê, referindo-se aos túneis que ligam os limites entre o território libanês e o israelense.
A viagem de Netanyahu à Rússia terá certamente um componente eleitoral ao mostrar o líder israelense se movimentando em favor da defesa e segurança do Estado de Israel. Uma coalizão oposicionista liderada pelo general Benny Gantz ameaça a hegemonia do premiê, que foi primeiro-ministro de 1996 a 1999 e retornou ao poder em 2009, somando 13 anos à frente do Executivo.
As eleições gerais de Israel estavam previstas para novembro deste ano, mas foram antecipadas pelo governo, em dezembro de 2018, pelas dificuldades enfrentadas pelo primeiro-ministro. Ele lidera o país com maioria de apenas um assento no Knesset, o Parlamento israelense – 61 dos 120 deputados -, o que tornava difícil aprovar leis e conduzir o país.
O encontro com Putin na próxima quinta-feira também faz parte de uma ferramenta eleitoral para fortalecer a imagem de Netanyahu como um estadista. No final de março, em outra mostra de poder diplomático, o premiê visitou a Casa Branca, em Washington, onde acompanhou a assinatura de um documento pelo presidente, Donald Trump, reconhecendo oficialmente a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, área fronteiriça tomada da Síria em 1967.
Nesta semana, o premiê recebeu o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O líder brasileiro anunciou no domingo 31, na residência oficial do israelense, a criação de um escritório diplomático em Jerusalém, que deverá englobar as áreas de comércio, ciência e tecnologia e inovação. A expectativa de Netanyahu era conseguir a transferência da embaixada brasileira.
(Com Reuters)