Em pronunciamento nas redes sociais na madrugada desta segunda-feira 21, Carlos Mesa, ex-presidente boliviano (entre 2004 e 2005) e candidato nas eleições presidenciais realizadas no país neste domingo, protestou contra a interrupção na divulgação dos resultados do pleito. Quando números mostravam que provavelmente Mesa fará um segundo turno contra o atual líder do país, Evo Morales, o órgão eleitoral deixou de atualizar os dados.
“Uma vez mais o Tribunal Supremo Eleitoral descumpre sua palavra. Seu compromisso era dar-nos 100% dos resultados do cômputo total de votos do país. Fez só um informe, com 80% dos votos disputados, e interrompeu seu trabalho, um trabalho que é um compromisso de segurança de algo que todos conhecemos. Por todos os resultados independentes nós estamos no segundo turno. O que está se passando é grave, a ponto dos observadores da OEA fazerem um chamado de atenção perguntando por que a contagem se interrompeu. Nós não podemos aceitar que se trate de manipular um resultado que obviamente nos leva ao segundo turno”, disse Mesa em vídeo.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) questionou a interrupção na contagem, assim como o Ministério das Relações Exteriores no Brasil. Por meio do Twitter, o Itamaraty expressou preocupação com a situação.
“O Brasil acompanha com atenção o primeiro turno da eleição na Bolívia. Preocupa muito a interrupção imprevista da apuração e a falta de resposta das autoridades eleitorais bolivianas aos pedidos de esclarecimento da OEA. O Brasil espera que o processo de apuração tenha continuidade dentro das regras estabelecidas, com transparência e lisura”, publicou o Itamaraty.
Evo Morales lidera as eleições presidenciais deste domingo, 20, na Bolívia com 45,38% dos votos, seguido pelo ex-presidente Carlos Mesa, com 38,16%, o que indica a realização de um segundo turno inédito na história do país. O resultado preliminar foi apresentado pela presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, María Eugenia Choque, após a apuração de 84% das urnas.
Em terceiro lugar, em resultado surpreendente, aparece o pastor evangélico Chi Hyun Chung, nascido na Coreia do Sul, com 8,77% dos votos. Ele é conhecido como o “Bolsonaro boliviano”. A quarta posição ficou com o senador da oposição Óscar Ortiz (4,41%).
A votação transcorreu com tranquilidade. Uma força combinada de mais de 40 mil policiais e militares patrulhou a cidade de La Paz, sem relatos de episódios de violência. O chefe da missão de observadores da União Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore), o costa-riquenho Hugo Picado, afirmou que o processo eleitoral na Bolívia avança em ordem.
As pesquisas apontavam um leve favoritismo de Morales sobre seu principal rival, o ex-presidente Carlos Mesa.
(Com AFP)