O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse ao Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta terça-feira, 1, que a invasão russa à Ucrânia trata-se de uma “operação especial” para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho.
Durante o discurso, boicotado representantes de outros países que se levantaram em protesto, Lavrov acusou Kiev de violar as liberdades fundamentais da população russa no país durante oito anos. Segundo ele, a ofensiva da Rússia é particularmente relevante neste momento, uma vez que a Ucrânia está sendo armada pela Otan e cada vez mais empurrada para a Aliança.
“Os neonazistas tomaram o poder em 2014 e esta ocupação deve acabar. O silêncio do Ocidente mostra os padrões duplos dos Estados Unidos e seus aliados, que causaram milhares de vítimas na antiga Iugoslávia, Líbia e Afeganistão”, disse ele, acusando Kiev de impor um regime de terror que reprime o uso da língua russa em escolas ou locais de trabalho.
O ministro utilizou também seu discurso para criticar as sanções ocidentais impostas a Moscou, afirmando que o Ocidente “claramente perdeu o controle”.
“Essas sanções transcenderam a esfera política e econômica e chegaram ao campo da cultura, esporte, turismo e educação, em um sinal claro de que o Ocidente perdeu o controle. Seu desejo é de impor ódio à Rússia”, completou.
Lavrov viajaria a Genebra nesta terça-feira para participar do Conselho de Direitos Humanos e da Conferência sobre o Desarmamento, mas teve que participar por videoconferência devido às restrições impostas por grande parte da Europa a voos vindos da Rússia.
Ao final de sua fala, o ministro defendeu ainda o respeito dos russos ao povo ucraniano, uma vez que partilham uma história em comum e laços espirituais e culturais. No entanto, acusou as autoridades atuais de tentar espalhar mentiras com o objetivo de romper esses laços.
Líderes ocidentais boicotam o discurso
Durante o discurso do ministro russo, mais de 100 diplomatas de 40 países ocidentais e aliados, como o Japão, deixaram a sala como uma forma de protesto. Encabeçado por membros das delegações da União Europeia, Estados Unidos e Reino Unido, o boicote fez com que apenas poucos países ficassem até o final.
Entre os que ficaram estão a Síria, Venezuela, China e Brasil. A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, e o da Dinamarca, Jeppe Kofod, se reuniram com a embaixadora da Ucrânia na ONU, Yevheniia Filipenko, por trás de uma grande bandeira do país em demonstração de apoio.
Segundo ela, a Rússia tem realizado uma série de ataques à infraestrutura civil que inclui maternidades e edifícios residenciais, ato negado veementemente pelo Kremlin.
É esperado que ainda nesta terça o Canadá faça uma petição ao Tribunal de Haia contra as autoridades russas responsáveis pela guerra. A enviada dos Estados Unidos ao Conselho, Michele Taylor, corroborou a ação, dizendo que “o conflito terá profundas implicações nos Direitos Humanos dos países envolvidos e que os líderes russos devem ser responsabilizados.