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Moscou está se preparando para ofensiva ucraniana, diz ex-presidente russo

Segundo Dmitry Medvedev, a Rússia pode usar 'absolutamente qualquer arma' se a Ucrânia tentar retomar a região anexada da Crimeia

Por Da Redação
24 mar 2023, 15h43

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, Dmitry Medvedev, afirmou nesta sexta-feira, 24, durante uma entrevista à mídia estatal, que Moscou está se preparando para uma contra-ofensiva ucraniana, admitindo uma inversão de papéis. Nesta semana, a Ucrânia argumentou que o Kremlin está “perdendo forças”.

“Eles [o lado ucraniano] estão se preparando para uma ofensiva, todo mundo sabe disso. Nosso Estado-Maior está calculando isso e preparando suas próprias soluções”, disse Medvedev.

O ex-presidente russo também alertou que Moscou está pronta para usar “absolutamente qualquer arma” caso a Ucrânia tente reconquistar a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

A ameaça nuclear velada foi quase ofuscada pelo reconhecimento de Moscou de que suas forças podem, em breve, se encontrar na defensiva na Ucrânia. Sua própria ofensiva, durante o inverno, não foi tão eficaz quanto as anteriores.

O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, alertou em uma entrevista na quinta-feira 23 que a Ucrânia planeja cercar as forças da sua organização paramilitar em Bakhmut, uma província na região de Donetsk. O objetivo do ataque seria avançar em direção ao Mar Negro, na região Zaporizhzhia, que está parcialmente ocupada pelas forças russas.

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+ ONU diz ter documentado execuções de prisioneiros de guerra na Ucrânia

De acordo com ele, a Ucrânia já colocou mais de 80 mil soldados ao redor da cidade. Ao longo de dois meses, o exército russo, auxiliado pelo Grupo Wagner, perdeu milhares de soldados na sangrenta batalha para tomar Bakhmut e os entornos da região.

Autoridades ocidentais avaliaram por diversas vezes que a cidade em Donetsk estava prestes a cair nas mãos da Rússia, mas o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comandou que suas tropas continuassem defendendo Bakhmut, que tornou-se símbolo de resistência.

Impulsionados pelo grande fluxo de armas ocidentais modernas, os comandantes ucranianos começaram a levantar a perspectiva de uma possível reviravolta na cidade, que se encontra em ruínas. Na quinta-feira, o comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandr Syrskyi, comentou em seu canal no Telegram que os russos estão “perdendo gás” em Bakhmut, ficando “sem forças”.

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Ao longo de um ano de guerra, a Rússia já perdeu pelo menos 30 mil soldados na cidade do leste da Ucrânia. Segundo as autoridades ocidentais, muitos dos recrutas do exército perdido são ex-presidiários recrutados pelo Grupo Wagner.

“Muito em breve, aproveitaremos esta oportunidade, como fizemos no passado perto de Kiev, Kharkiv, Balakliia e Kupyansk”, disse Syrskyi referindo-se aos ataques ucranianos anteriores bem-sucedidos.

+ O custo para reconstruir a Ucrânia após a guerra, segundo Banco Mundial

Apesar do presidente russo, Vladimir Putin, ainda não ter se manifestado sobre as declarações, alguns comentaristas pró-guerra da Rússia criticam a liderança militar pela falta de sucessos tangíveis no campo de batalha. O ultranacionalista russo e ex-oficial de inteligência Igor Strelkov argumentou que é preciso modernizar o exército de Moscou.

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“Vladimir Vladimirovich, cale a boca. Apenas cale a boca, fique quieto”, disse Strelkov em um vídeo, dirigindo-se ao presidente. “Então não teremos que ter vergonha de haver tal presidente em nosso país.”

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