Somente entre 1º de 6 de outubro, 157 pessoas morreram nas manifestações contra o governo do Iraque, segundo relatório oficial publicado nesta terça-feira, 22. O total de feridos alcançou 5.494, dos quais 4.207 eram civis. Os protestos ainda continuam, com reações violentas das forças de segurança. Os iraquianos exigem empregos, serviços públicos de qualidade e a queda do primeiro-ministro, Adel Abdel Mahdi.
De acordo com o texto, “70% dos mortos foram atingidos por tiros na cabeça e no peito”, o que sugere execução sumária. Morreram 149 civis e oito membros das forças de segurança, em sua maioria em Bagdá. A capital iraquiana foi onde os confrontos inicialmente se deram, primeiro na icônica Praça Tahrir, até chegarem à turbulenta fortaleza xiita de Sadr City.
A pedido da Anistia Internacional, as autoridades ordenaram a formação de uma comissão de investigação para esclarecer esses fatos. Apesar das execuções, o relatório não reconhece o “uso excessivo” da força de segurança, exceto em alguns incidentes limitados. Mas a responsabiliza por perder o controle da situação.
“O comitê descobriu que os oficiais e comandantes perderam o controle de suas forças durante os protestos e isso desencadeou caos”, afirma o relatório.
No relatório oficial, a responsabilidade por algumas das mortes é atribuída às forças de segurança, mas o texto também menciona apenas a ação de “atiradores”. Desde o início do movimento, as autoridades acusam “franco-atiradores não identificados” em telhados, que disparam em manifestantes e em policiais.
Até o momento, o governo demitiu vários comandantes de diversas forças de segurança – do Exército à Inteligência – em sete das 18 províncias do país, os cenários dos protestos que podem voltar a acontecer na sexta-feira, 25.
Contra a corrupção e por serviços públicos de qualidade, a onda de manifestações é o primeiro grande teste do governo de Mahdi, no poder há apenas um ano. A infraestrutura do país foi destruída por décadas de guerra civil sectária, ocupação estrangeira, duas invasões dos Estados Unidos, sanções das Nações Unidas e guerra contra seus vizinhos. Com o país relativamente em paz, muitos iraquianos dizem que o governo falha em reconstruir a nação.