O Ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, declarou neste domingo, 28, após o fechamento das urnas no país, que o povo se prepara “para uma nova etapa” após as eleições presidenciais, e reafirmou que os resultados devem ser respeitados. A votação pode tirar o atual líder Nicolás Maduro do poder, dando fim a 25 anos de ditadura chavista; segundo a maioria das pesquisas eleitorais, o grande favorito era o diplomata Edmundo González Urrutia.
O ex-embaixador de 74 anos foi alçado a presidenciável depois que o regime declarou a inelegibilidade de María Corina Machado, vencedora das primárias da oposição, por supostas irregularidades administrativas, nunca comprovadas. Ambos são ligados à Plataforma Unitária Democrática, uma coalizão de onze partidos de centro e centro-direita que desafia o regime.
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“Nova etapa”
Padrino, um aliado de Maduro, celebrou que o dia de eleição decorreu em paz, e que o povo saiu às ruas para exercer o seu direito de voto.
“O Plano da República que continua a sua marcha e execução. Vamos entrar na fase pós-eleitoral, vamos observar constantemente toda a situação em todo o território nacional”, disse ele.
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Aparentemente referindo-se ao resultado eleitoral, o militar chavista assegurou que o povo da Venezuela se levantou com grande força e contundência para rejeitar e exigir o fim das sanções contra a Venezuela.
“O povo venezuelano se prepara para abrir os braços para uma nova etapa”, acrescentou, sem explicar o que quis dizer.
Unha e carne?
Padrino era comandante em chefe das Forças Armadas da Venezuela quando, em 2014, após a eleição de Maduro, foi alçado a ministro. Dois anos depois, o presidente bolivariano concedeu ao aliado poderes extras para distribuir alimentos e remédios, autoridade sobre todas as missões bolivarianas, além de ter seu comando militar em cinco dos principais portos da Venezuela. Às vésperas da eleição, concedeu-lhe ainda um novo título: “General do Povo Soberano”. Talvez na tentativa de fazer com que o chefe da Defesa não saia da linha.
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Isso porque muitos se lembram do momento em que Padrino apareceu na TV estatal ladeado por seu comando superior para validar os resultados das eleições legislativas de 2015, quando a oposição ganhou a maioria na Assembleia, antes mesmo de Maduro reconhecer a derrota.
“Se houver uma avalanche de pessoas nas ruas apoiando a oposição, haverá muita pressão sobre Padrino”, afirmou à agência de notícias Associated Press o general aposentado Rodolfo Camacho, um opositor de Maduro que trabalhou ao lado do ministro da Defesa antes de ser acusado de conspirar contra o governo e deixar a Venezuela. “Ele é a única pequena esperança que me resta.”
Em sua declaração neste domingo, Padrino afirmou que os resultados serão respeitados.
“Temos certeza de que vamos garantir ao povo da Venezuela a paz pela qual eles votaram hoje. Vamos afirmar esse valor”, disse ele, acrescentando que os resultados já estão disponíveis, mas é preciso aguardar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“Temos os resultados que serão transmitidos pelo CNE. Estaremos atentos. Apelo à reflexão e à sindérese, não queremos que os incautos sejam tolos úteis para perturbar a paz”, expressou, referindo-se ao conceito de Aristóteles que define a capacidade espiritual inata, espontânea e imediata para agir intuitivamente de acordo com princípios éticos.