Membros da Guarda Nacional, deputados e jornalistas trocaram socos e empurrões nesta terça-feira (15), quando os militares impediram o acesso da imprensa à sede do Parlamento da Venezuela, controlado pela oposição.
O Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) denunciou que “várias equipes foram agredidas” e uma câmera, “destruída” quando um grupo de parlamentares tentou permitir a entrada dos jornalistas no Palácio Legislativo.
“José Rivas, câmera da (TV privada) Venevisión, sofreu traumatismos no tórax e no rosto quando tentava entrar (…). Sua câmera foi destruída e ele recebeu socos e chutes” dos militares, informou o sindicato no Twitter.
O SNTP exige que o Ministério Público inicie uma investigação e determine os responsáveis pelo caso.
O bloqueio militar na entrada do Parlamento tem sido frequente nas últimas semanas. Desde 17 de abril, os jornalistas foram impedidos de entrar no local em seis ocasiões.
Na sessão desta terça-feira foram debatidas as eleições do próximo domingo, nas quais o presidente Nicolás Maduro dá como certa sua reeleição. A oposição boicota a votação, que qualifica de “simulação”.
Advertência contra abstenção
O governo e o poder eleitoral da Venezuela advertiram contra a “ingerência” estrangeira e os chamados à abstenção, ao mobilizar, também nesta terça-feira, uma operação de segurança para as eleições presidenciais de domingo.
“O chamado à abstenção é antidemocrático e se baseia (…) em um ambicioso e fracassado personalismo, que é acompanhado de um componente muito importante de ódio”, disse o ministro da Defesa, o general Vladimir Padrino.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) pede que os cidadãos não votem, pois consideram ilegítimas as eleições, cujos resultados tampouco serão reconhecidos por Estados Unidos, União Europeia e vários países latino-americanos.
Padrino advertiu que quem violar as leis “será submetido” à Justiça. Durante o ato, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, exigiu que os quem falam em prol da abstenção respeitem a votação.
Lucena recordou na segunda-feira que a lei prevê sanções – inclusive a prisão – para os que “desestimulam” o voto, ou “obstaculizam a realização dos processos eleitorais”.
(Com AFP)