Os militares que tomaram o poder no Níger na semana passada acusaram a França, ex-potência colonial, de planejar ataques para tentar libertar o presidente deposto, Mohamed Bazoum, e restabelecer seu governo.
O Ministério das Relações Exteriores da França não confirmou nem negou a acusação, mas disse que Paris reconhece apenas Bazoum como uma autoridade legítima no país africano e está focada em proteger seus próprios cidadãos e interesses lá.
A União Africana, as Nações Unidas e outras nações, incluindo a França, condenaram o golpe militar para derrubar o governo eleito do Níger, o sétimo do tipo em menos de três anos na África Ocidental e Central. Lá, países estão começando a se voltar para a Rússia como aliada.
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O relatório dos planos franceses veio um dia depois que o bloco regional da África Ocidental, chamado CEDEAO, impôs sanções ao governo golpista e disse que poderia autorizar o uso da força para reintegrar Bazoum, que foi detido em seu palácio por membros de sua guarda na última quarta-feira 26.
O presidente do Chade, Mahamat Idriss Deby, viajou para o Níger no final de semana para tentar iniciar uma mediação, e nesta segunda-feira postou o que pareciam ser as primeiras fotos de Bazoum desde o golpe, mostrando-o sorrindo e aparentemente ileso.
Deby disse que se encontrou com Bazoum e o líder militar, o general Abdourahamane Tiani, para “encontrar uma solução pacífica”, sem entrar em mais detalhes.
Em discurso na televisão estatal, o coronel Amadou Abdramane, um dos conspiradores do golpe, disse que o governo deposto autorizou a França a realizar ataques à presidência por meio de uma declaração assinada pelo então chanceler de Bazoum, Hassoumi Massoudou. No entanto, não especificou que tipo de ataque e não deu nenhuma evidência para apoiar sua afirmação.
Os militares golpistas advertiram contra tentativas de nações estrangeiras para resgatar Bazoum, dizendo que isso resultaria em derramamento de sangue e caos.
A deposição do governo também levantou preocupações sobre a segurança na região. Soldados franceses e estrangeiros estão baseados no Níger para ajudar o exército local a combater militantes islâmicos que se espalharam pelo Sahel.
No domingo 30, apoiadores dos militares queimaram bandeiras francesas e atacaram a embaixada francesa na capital do Níger, Niamey, sendo recebidos pela polícia com gás lacrimogêneo.
Os líderes do golpe, que nomearam o general Tiani, ex-líder da guarda presidencial, como chefe de Estado, disseram que derrubaram Bazoum devido à má governança e descontentamento com a forma como ele lidou com a ameaça islâmica.