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Militares chavistas atiram em civis que resistiam a bloqueio na fronteira

Ao menos duas pessoas morreram e 14 ficaram feridas; fronteira foi aberta temporariamente para passagem de duas ambulâncias com destino à Boa Vista

Por Da redação
Atualizado em 22 fev 2019, 20h55 - Publicado em 22 fev 2019, 12h18
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  • Militares leais ao governo de Nicolás Maduro atiraram contra um grupo de civis que tentava impedir o fechamento de parte da fronteira da Venezuela com o Brasil para a entrega de ajuda humanitária, deixando ao menos duas pessoas mortas e várias feridas, de acordo com deputados da oposição e ativistas.

    O conflito aconteceu no vilarejo indígena de Kumarakapai, na região de Gran Sabana, na fronteira com o Estado de Roraima, por volta das 6h manhã do horário local (7h em Brasília) desta sexta-feira, 22. A cidade fica a cerca de 70 km de Santa Elena de Uairén, na divisa com o Brasil. 

    Os mortos são os indígenas Zorayda Rodriguez, de 42 anos, e Rolando García, segundo o deputado da Assembleia Nacional Américo De Grazia. Outras 14 pessoas ficaram feridas pelos disparos, algumas em estado grave.

    Alguns feridos foram tratados no hospital de Santa Elena de Uairén, mas outros tiveram que ser transferidos para o Brasil, pois as instituições venezuelanas não possuíam medicamentos e equipamentos adequados para tratar os pacientes. 

    O bloqueio na fronteira em Pacaraima foi temporariamente suspenso para a passagem das duas ambulâncias que transportavam os feridos.

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    No total, sete venezuelanos foram transferidos para o Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, todos apresentam ferimentos por arma de fogo. O estado deles é grave, e três deles estão em situação crítica.

    Segundo De Grazia, Rolando García teria sido levado para o hospital da cidade de Pacaraima, onde não resistiu e morreu. De acordo com o governo de Roraima, contudo, nenhum dos venezuelanos movidos para os estados morreram no estado. 

    O confronto

    De acordo com o jornal americano The Washington Post, tudo começou quando um comboio militar se aproximou do vilarejo, que fica em uma das principais estradas que ligam a Venezuela ao Brasil.

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    Alguns moradores se posicionaram em frente aos veículos dos soldados, para impedir sua passagem, e foram atingidos por tiros.

    Após o confronto, ao menos 30 moradores saíram às ruas e sequestraram três soldados venezuelanos. Segundo Tamara Suju, advogada e defensora dos direitos humanos, eles só serão liberados pelos indígenas caso o ministro da Defesa da Venezuela, Padrino López, vá buscá-los pessoalmente. 

    Os responsáveis pelo ataque aos civis, segundo dirigentes da oposição, são agentes da Guarda Nacional Bolivariana e da Força Armada Nacional Bolivariana.

    Os ativistas pertenciam à tribo indígena Pemones, que se uniu ao esforço da oposição para levar as doações do Brasil, Estados Unidos e outras nações aos venezuelanos.

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    A mulher que morreu é uma vendedora de empanadas que estava na área onde ocorreu o enfrentamento, a comunidade de Kumaracupay, enquanto os feridos são todos homens.

    Apenas três deles, e devido à gravidade do seu estado, foram transferidos imediatamente a um centro de saúde, pois, segundo De Grazia, não havia gasolina nem ambulâncias para transferir os demais de imediato. A ajuda chegou algum tempo depois e transportou mais algumas pessoas para receber cuidados no Brasil.

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    Entre os feridos tratados em Boa Vista, cinco encontram-se no centro cirúrgico e dois permanecem em observação. Os pacientes chegaram ao hospital em duas ambulâncias da Venezuela, acompanhados por uma médica venezuelana.

    Fronteira entre Brasil e Venezuela fechada
    Uma ambulância carregando pessoas que foram feridas durante os confrontos é assistida no lado venezuelano da fronteira com o Brasil- 22/02/2019 (Ricardo Moraes/Reuters)

    Na entrada da comunidade de Kumaracapai há uma placa com a inscrição “Guaidó presidente”. “Nunca apoiamos ou apoiaremos a ditadura”, disseram os índios a repórteres no local.

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    Bloqueio da fronteira

    Na quinta-feira 21, o governo chavista de Maduro ordenou o bloqueio da fronteira com o Brasil por período indeterminado. O espaço aéreo entre os países também foi suspenso, por determinação do Instituto Nacional de Aeronáutica Civil.

    Maduro quer impedir que os venezuelanos entrem no Brasil para buscar a ajuda humanitária doada pelo governo brasileiro. 

    Maduro afirma que as ajudas são um “presente podre” que carrega o “veneno da humilhação”, apesar de reconhecer as dificuldades que a Venezuela atravessa. O chavista também já disse que não permitirá a entrada das doações, pois são uma tentativa de “invasão estrangeira”.

    Além, do Brasil, Colômbia e Estados Unidos se mobilizam para enviar ajuda humanitária aos venezuelanos. Canadá e União Europeia (UE) também anunciaram doações em dinheiro, destinadas principalmente aos refugiados do país.

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    A situação econômica desastrosa da Venezuela é considerado pela ONU a mais maciça da história recente da América Latina. O país possui as maiores reservas de petróleo do mundo, mas está asfixiado por uma profunda crise e pela hiperinflação, além de ser alvo de sanções financeiras dos Estados Unidos.

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