O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, fez o aguardado anúncio do seu nomeado para chefiar o Ministério da Economia nesta quarta-feira, 29. Após muita especulação, o ultraliberal escolheu Luis Caputo para o cargo, um nome ligado à mais moderada centro-direita.
A confirmação foi feita em entrevista à rádio argentina Continental, após Milei retornar de sua primeira viagem como presidente eleito, aos Estados Unidos.
“O ministro da Economia é Luis Caputo”, declarou o liberal na entrevista à rádio, embora sua equipe ainda não tenha divulgado a informação. Ele foi foi acompanhado por Caputo durante a visita a território americano.
O novo titular da pasta tem já foi ministro das Finanças no governo do ex-presidente Mauricio Macri, de quem Milei depende para angariar apoio no Congresso e garantir a governabilidade.
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Ele também ocupou a Presidência do Banco Central, que o chefe de Estado argentino prometeu extinguir, embora já tenha moderado o discurso.
No malabarismo de Milei para conciliar seus aliados de extrema direita e de centro-direita em seus gabinetes, acabou recebendo críticas dos ultraliberais pela opção por Caputo. Afinal, o macrismo, que perdeu nas urnas com a ex-candidata Patricia Bullrich, comandará a área mais importante do país.
Caputo substitui Sergio Massa no posto, candidato peronista que concorreu contra Milei no segundo turno e perdeu por uma impressionante margem de 11 pontos percentuais.
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A indicação ao cargo foi tão aguardada porque o novo ministro terá o enorme desafio de tirar a Argentina do profundo buraco em que se enfiou. A inflação acumulada nos últimos doze meses é de 142%, com expectativa de bater em 200% no início do próximo ano. O dólar passou de 1 000 pesos e a taxa de juros do Banco Central atingiu 133% ao ano.
A crise levou mais de 40% da população para uma vida abaixo da linha de pobreza. Pior situação só se viu em 2001, quando o governo confiscou as contas da população, o famoso “corralito”, levando a uma onda de protestos nas portas dos bancos.
Após ser eleito, Milei avisou que o remédio da sua receita será amargo e que “não haverá espaços para gradualismo”. Até o momento, contudo, não detalhou como cumprirá a promessa de cortar 15% dos gastos do governo e acabar com subsídios nas tarifas públicas.
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Para complicar ainda mais, o país deve 44 bilhões de dólares ao FMI e não tem reservas para honrar o empréstimo. Caputo já se reuniu com o FMI na terça-feira 28, em Washington, mas nenhum dos lados divulgou comunicados após o encontro.
O novo ministro foi um dos principais responsáveis pela negociação do acordo em 2018, enquanto era ministro das Finanças de Macri. Na época, segundo a mídia argentina, enfrentou o staff do órgão internacional para que o Banco Central da Argentina tivesse a possibilidade de intervir no mercado cambial, coisa que faz até hoje.
O acordo, porém, saiu pela culatra. Hoje, a Argentina sequer consegue pagar os juros da dívida com o fundo, o que obriga o FMI a emprestar-lhe o montante sempre que chega a data da fatura. O ciclo sem fim, alguns sugerem, poderia ser quebrado com o perdão da dívida – o que marcaria para sempre o fundo internacional com o maior calote da história.