O congressista e candidato presidencial da Argentina, Javier Milei, tentou minimizar o tamanho do baque que o resultado do primeiro turno das eleições neste domingo significou para sua campanha. “Dois terços do país votaram por mudança”, enfatizou Milei nesta segunda-feira, 23, que chegou como favorito no pleito, mas ficou mais de seis pontos atrás do vencedor da noite, o peronista Sergio Massa.
O ultraliberal Milei, do partido A Liberdade Avança, angariou 30% dos votos, parcela semelhante ao que havia obtido nas eleições primárias, em setembro. Massa, da coalizão União Pela Pátria, conseguiu 36,6%, dez pontos percentuais a mais do que havia abocanhado nas primárias. Ambos continuam na corrida e disputarão o segundo, no dia 19 de novembro.
“Hoje é um dia histórico”, disse Milei mesmo assim, ao subir ao palco cercado por sua equipe.
+ Exaustos da crise, argentinos vão às urnas dispostos a aposta arriscada
Para vencer a batalha final, ele busca uma aliança com o macrismo (movimento político do ex-presidente Mauricio Macri), que ficou de fora da disputa eleitoral depois que a candidata Patrícia Bullrich, do Juntos pela Mudança, obteve apenas 23,8% dos votos.
“Dois terços dos argentinos votaram por uma mudança, uma alternativa a este governo de criminosos que querem hipotecar o nosso futuro”, disse ele durante seu discurso na sede eleitoral em Buenos Aires, sob aplausos e gritos de “presidente Milei”.
“A campanha fez com que muitos de nós, que queremos mudanças, entrássemos em conflito. Por isso vim acabar com este processo de agressões e ataques […] para acabar com o kirchnerismo”, acrescentou, ao propor uma aliança com o Juntos pela Mudança. “Todos nós que queremos mudanças temos que trabalhar juntos”, enfatizou.
+ As estranhas regras das eleições para escolher o presidente da Argentina
As palavras conciliatórias de Milei vieram depois de várias semanas pontilhadas por duros ataques contra a candidata da coalizão, a conservadora Bullrich. Durante a campanha, ele disse que tanto ela quanto sua aliança faziam parte do que chama de “casta” política, que prometeu expulsar.
A ex-ministra da Segurança de Macri, porém, deixou clara a sua preferência por Milei em detrimento do atual ministro da Economia e candidato do partido que ocupa atualmente a Casa Rosada, Sergio Massa.
A colega de chapa de Milei, Victoria Villaruel, destacou que há meses seu partido começou a construir pontes com líderes da oposição.
“Com todos aqueles que estão dispostos a lutar para acabar com o kirchnerismo, A Liberdade Avança terá as portas abertas para eles”, declarou Villarruel. A candidata a vice-presidente evitou responder se Milei oferecerá cargos de governo aos aliados de Macri e Bullrich em troca de apoio explícito: “É cedo demais para poder fazer uma declaração desse estilo”.