No segundo dia de Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, países membros assinaram nesta quinta-feira, 7, o acordo de livre comércio com Singapura, o primeiro do bloco em doze anos e o primeiro com um país asiático.
Singapura é um dos principais destinos das exportações do Mercosul e importante parceiro de investimentos do bloco. A corrente de comércio, em 2022, foi de aproximadamente US$ 10 bilhões. O documento possui compromissos em matéria de comércio de bens e serviços, investimentos, micro e pequenas empresas, compras governamentais, propriedade intelectual e medidas sanitárias e fitossanitárias, destacou o Itamaraty.
+ UE e Mercosul dizem estar ‘engajados’ para concluir acordo comercial
Desde sua criação, em 1991, o Mercosul fechou apenas três acordos de livre comércio com países de fora da região: Israel, em 2007; Egito, em 2010, e Palestina, em 2011.
No comércio com o Brasil, Singapura foi, em 2022, o sétimo principal destino das exportações brasileiras no mundo, com vendas no valor de aproximadamente US$ 8,4 bilhões, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores. Singapura também foi o segundo principal mercado das exportações brasileiras na Ásia, atrás apenas da China.
Na segunda-feira, durante o primeiro dia de cúpula, o acordo foi elogiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin como uma “porta de entrada para a Ásia” e uma forma de favorecer investimentos e fluxos de tecnologias e serviços.
Mercosul-União Europeia
Embora houvesse expectativas de que um acordo entre Mercosul e União Europeia pudesse ser anunciado nesta quinta-feira, os blocos afirmaram em um comunicado conjunto que estão “engajados em discussões construtivas” para finalizar as questões pendentes do acordo de livre-comércio entre os blocos.
No sábado 2, o presidente francês, Emmanuel Macron, se disse “totalmente contra” o acordo, criando ondas de choque que zeraram as chances de uma aprovação ainda neste ano.
O acordo, negociado há mais de vinte anos, elimina tarifas de importação sobre 92% dos produtos vindos do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o que daria impulso renovado às exportações do grupo, de maioria agrícola. Do outro lado, 72% das mercadorias provenientes da Europa também teriam taxa zero, o que pode soar como boa notícia, mas preocupa os setores industriais sul-americanos, apesar do benefício de comércio e investimentos europeus mais intensos.
No discurso de abertura da cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, sobre as tratativas com a União Europeia, que as coisas às vezes “não acontecem do jeito que a gente quer”, mas se disse confiante a respeito da conclusão do pacto.
“Estou muito otimista e tenho como lema nunca desistir. Temos que continuar tentando fazer o acordo com a União Europeia”, defendeu.