Um médico do governo dos Estados Unidos responsável por tratar de veteranos de guerra fez 3.000 diagnósticos errados desde 2005 enquanto estava sob o efeito de álcool e drogas. O departamento americano responsável por supervisionar o trabalho do patologista falhou em sua tarefa, segundo o jornal The Washington Post.
Robert Morris Levy, de 53 anos, está preso e foi acusado por 3 homicídios culposos por um tribunal de Arkansas na semana passada. Porém, de acordo com o Post, além das três mortes pelas quais o médico vem sendo responsabilizado judicialmente, outras 15 podem estar relacionadas aos seus diagnósticos equivocados.
Funcionários do Departamento de Assuntos de Veteranos ainda relataram à reportagem que outras 15 pessoas tiveram sua saúde seriamente prejudicada pelos erros de Levy. Ao todo, foram 3.000 casos de diagnósticos errados desde 2005.
O médico trabalhava desde 2005 como chefe do Departamento de Patologia do Sistema de Saúde de Veteranos de Ozarks, um hospital especializado no tratamento de ex-militares em Fayetteville, Arkansas.
Ele só foi demitido em 2018, após ser preso por dirigir após o uso de drogas. Ao todo, o médico atendeu mais de 21.000 pacientes em seus 12 anos de trabalho no hospital de veteranos.
Além de ser indiciado por homicídio culposo, Levy ainda enfrenta acusações adicionais por fraude e falso testemunho por mentir sobre seu uso de substâncias ilícitas e drogas e manipular seus exames toxicológicos. Além disso, também falsificou o histórico médico dos pacientes que morreram.
Segundo o The Washington Post, funcionários do Departamento de Assuntos de Veteranos foram alertados em diversas ocasiões sobre a má conduta do médico, mas demoraram a tomar uma ação.
Documentos internos do Departamento, registros judiciais e entrevistas realizadas pelo jornal com veteranos, antigos e atuais funcionários do governo e 20 oficiais do Congresso americano também mostram que os supervisores de Levy receberam alertas sobre o risco que o médico representava para os pacientes.
O veterano Kelly Copelin, de 63 anos, foi um dos pacientes mal diagnosticados por Robert Levy. Em 2015, o sargento aposentado da Força Aérea foi ao hospital de Fayetteville com uma forte dor de ouvido e após realizar uma biópsia para investigar suspeitas de câncer, foi mandado para casa apenas com uma receita de antibióticos.
Porém, 13 meses depois foi diagnosticado em outro hospital com um câncer de pescoço e garganta em estágio avançado. A biópsia realizada por Copelin em sua primeira visita ao médico foi analisada por pelo Dr. Robert Morris Levy, que deu um diagnóstico errado para sua doença, segundo o Post.
Como a doença de Copelin foi descoberta tardiamente, em estágio já evoluído, seu tratamento foi muito agressivo. O ex-militar perdeu 34 quilos e como consequência da radioterapia só consegue engolir pequenos pedaços de comida sólida.