O conservador Mario Abdo Benítez foi eleito presidente do Paraguai neste domingo, confirmou o presidente do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE), Jaime Bestard.
Benítez, do Partido Colorado, recebeu 46,49% dos votos. Seu principal adversário, o liberal Efraín Alegre de uma coalizão de centro esquerda, recebeu 42,72% da preferência dos eleitores.
Graduado em marketing nos Estados Unidos e filho de um dos homens fortes da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), Marito – como é conhecido para ser diferenciado do pai, Mario Abdo Benítez, morto em 2013 – herdará um país em pleno crescimento econômico, mas com desafios nas áreas sociais e políticas.
A Justiça eleitoral avaliou a participação de eleitores em 65% de um total de 4.241.000 habilitados a votar. A população total do país é de 7 milhões de habitantes.
Em seu primeiro discurso após a vitória, Marito pediu unidade para “construir o futuro do Paraguai”. “O meu compromisso é ganhar a confiança dos que hoje nos acompanharam”, disse. “Peço que sejam parte dessa história que vamos construir juntos”, acrescentou.
O novo líder sucederá em agosto o presidente Horacio Cartes, um empresário da indústria do tabaco que, nestas eleições, candidatou-se ao Senado.
Hegemonia colorada
O Paraguai, que saiu de uma ditadura de 35 anos em 1989, viveu sob a hegemonia do partido Colorado durante os últimos 70 anos, com a única exceção do governo do ex-bispo e ex-presidente de esquerda Fernando Lugo (2008-2012), que foi destituído em um julgamento político um ano antes de concluir seu mandato.
“Ganhei credenciais democráticas em minha trajetória política”, declarou Marito ao rejeitar, neste domingo, as críticas que recebe devido à proximidade de sua família com Stroessner.
Embora se distancie da ditadura lembrando que à época da derrocada de Stroessner tinha apenas 16 anos e estudava Marketing nos Estados Unidos, em 2006 ele foi ao funeral do ex-ditador, que se exilou em Brasília.
O programa de Marito propõe manter a política econômica do presidente Horacio Cartes, baseada nas exportações agrícolas, que permitiu ao Paraguai crescer a um ritmo de 4% por ano por mais de uma década. Também pretende realizar uma reforma do Poder Judiciário, que considera corrupto.
O Paraguai está em 135º lugar entre 180 países em um ranking de corrupção elaborado pela organização Transparência Internacional.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)