Cerca de 10.000 indígenas tomaram o prédio da Assembleia Nacional do Equador, em Quito, nesta terça-feira, 8, sob gritos de “Fora, Moreno”, em referência ao presidente equatoriano Lenín Moreno. Os manifestantes exigem a revogação de medidas de austeridade econômica recentemente impostas pelo governo, que envolvem o fim do subsídio a combustíveis.
Em plena crise política, Moreno foi forçado a transferir sua sede do governo da capital, Quito, para a cidade litorânea de Guayaquil. Vários presidentes anteriores foram desafiados por movimentos indígenas nos últimos 20 anos, entre os quais o de Lúcio Gutiérrez, forçado pelo Congresso a renunciar em abril de 2005. Gutiérrez refugiou-se, naquele momento, na embaixada do Brasil.
Como afirmou o jornal peruano El Comercio, a mobilização indígena teve início durante o fim de semana em várias províncias do país e resultou no bloqueio de dezenas de estradas e desencadeou uma série de conflitos entre manifestantes e forças do Estado, em especial em Quito. Moreno decretou estado de exceção no país e mantém tropas fortemente armadas na capital.
Na quarta-feira, 9, as lideranças indígenas planejam se organizar junto aos sindicatos para formar uma grande mobilização e aumentar a pressão sobre Moreno. O presidente, que se recusa a restabelecer subsídios, acusou os “correístas” — seguidores de seu antecessor, Rafael Correa — de estarem por trás “dessa tentativa de golpe de Estado”.
A agência de notícias americana Associated Press divulgou que o Equador está “paralisado pela falta de transporte público e estradas de bloqueio, afetando uma economia já vulnerável”. Os caminhoneiros aderiram aos protestos.