A queda de um avião que transportava 22 pessoas no Nepal, no domingo 29, destacou os perigos das viagens aéreas para o país asiático, muitas vezes referido como um dos lugares mais arriscados do mundo para voar.
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O voo da Tara Air que caiu em uma montanha do Himalaia a uma altitude de cerca de 4,4 quilômetros tornou-se o 19º acidente aéreo no Nepal em 10 anos e o 10º fatal durante o mesmo período, de acordo com a base de dados Aviation Safety Network, site que mantém o registro de acidentes e incidentes aéreos.
O governo local formou uma comissão para investigar o acidente, que custou a vida de 22 pessoas, incluindo três tripulantes. Apesar das más condições de visibilidade, que dificultaram a operação de busca e resgate, os corpos de todas as vítimas já foram encontrados. A caixa-preta, sistema de registro de voz e dados do aeronave, foi recuperada entre os destroços nesta terça-feira, 31.
O avião da Tara Air decolou no domingo de manhã da cidade de Pokhara, no centro do Nepal, e estava a meio caminho de seu voo de 25 minutos para o destino turístico de Jomsom, no oeste do país, quando perdeu contato com o controle aéreo, afirmaram autoridades de Aviação Civil do Nepal.
Investigadores estão remontando exatamente o que aconteceu durante o acidente, mas já há indicativos de que o mau tempo tenha sido um dos fatores que causaram a tragédia, disse Binod B.K., funcionário do Ministério do Interior do Nepal, à emissora americana CNN.
Especialistas afirmam que o padrão de clima instável e a topografia montanhosa contribuem para a má reputação do país na questão aérea. Um relatório de segurança de 2019 da Aviação Civil do Nepal também indicava a “topografia hostil” da região como um “enorme desafio” para os pilotos.
O aeroporto na cidade de Lukla, no nordeste do país, é muitas vezes referido como o aeroporto mais perigoso do mundo. Conhecida como a porta de entrada para o Everest, a pista do aeroporto está disposta em um penhasco entre montanhas, caindo direto em um abismo no final.
Um dos destinos turísticos favoritos dos alpinistas, o Nepal abriga oito das 14 montanhas mais altas do mundo, incluindo o Everest. Mas esse terreno pode ser difícil de navegar do ar, principalmente por pequenas aeronaves, justamente as usadas para acessar áreas mais remotas e partes montanhosas do país.
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Segundo autoridades locais, aeronaves com 19 lugares ou menos são mais propensas a sofrer acidentes devido a essas condições adversas. Kathmandu, a capital do Nepal, é o centro de onde muitos desses pequenos voos saem.
A falta de investimento na renovação da frota de aeronaves também é apontada como agravante dos riscos de acidentes. Em 2015, a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), uma agência das Nações Unidas, priorizou ajudar o Nepal por meio de sua Parceria de Assistência à Implementação de Segurança da Aviação. Dois anos depois, a ICAO e o Nepal anunciaram uma parceria para resolver problemas de segurança.
Embora o país tenha feito melhorias em seus padrões de segurança nos últimos anos, os desafios ainda são grandes. Em 2016, outro avião da Tara Air caiu enquanto fazia a mesma rota da aeronave que foi perdida no domingo. O incidente envolveu um avião de tipo Twin Otter, recém adquirido, que voava em condições climáticas boas.
No início de 2018, um voo da US-Bangla Airlines que ia de Bangladesh, no sul da Ásia, para a capital do Nepal bateu durante o pouso e incendiou-se, matando 51 das 71 pessoas a bordo.