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Mais polarizado do que nunca, Equador escolhe novo presidente

País vota entre retorno da esquerda, representada por afilhado político de Rafael Correa, e ex-banqueiro que promete iniciar uma guinada brusca à direita

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 abr 2021, 09h00
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  • O retorno da esquerda ou uma guinada clara à direita: o Equador vai às urnas neste domingo, 11, para o segundo turno das eleições presidenciais em um ambiente polarizado e sob a sombra do ex-presidente Rafael Correa. Além de uma situação sanitária alarmante criada pela Covid-19, o país ainda enfrenta uma crise política após a quarta demissão de um ministro da Saúde desde o início da pandemia.

    Os candidatos na disputa são o economista Andrés Arauz, de 35 anos, e o ex-banqueiro Guillermo Lasso, de 65. Os dois competem para suceder o presidente conservador Lenín Moreno, que entregará o poder em 24 de maio, após quatro anos de um governo que chegou ao poder com o apoio da esquerda e se despede respaldado por empresários e organismos financeiros com o FMI.

    Arauz tem o apoio de Correa e sua vitória significaria a volta do chamado “movimento correista” ao país. Impedido de concorrer após perder seus direitos políticos e ser condenado a 8 anos de prisão por corrupção, o polêmico ex-presidente depositou no jovem economista as esperanças para reconquistar o poder para a esquerda radical e nacionalista.

    Arauz presidiu o Banco Central e foi ministro do Conhecimento e Talento Humano durante o governo de Correa (2007-2017). Ele prometeu abrir caminho para o retorno do ex-presidente, considerado por ele um “perseguido político”. O ex-presidente está na Bélgica desde 2017 e de lá conseguiu evitar a Justiça equatoriana que, segundo ele, foi manipulada por Moreno para sua condenação.

    Já Lasso tem como sua marca a oposição à esquerda. Três vezes candidato (2013, 2017 e 2021) à presidência do Equador, o ex-banqueiro terminou atrás de Moreno por apenas dois pontos percentuais no segundo turno em sua segunda tentativa. “Vamos virar a página do socialismo do século XXI (promovido por Correa) e entrar em uma fase de plena democracia, de liberdade”, disse em sua campanha.

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    Pandemia e crise política

    O Equador irá às urnas afetado pela pandemia de Covid-19 e em meio a uma crise política. Com quase 1.000 novos casos diários nos último dias, o país passou a marca de 340.000 infectados e 17.000 mortos.

    Com UTIs lotadas, Guayaquil enfrenta uma situação “alarmante”. A cidade, que é a mais populosa do país e no início da pandemia do novo coronavírus sofreu um colapso do sistema de saúde e dos serviços funerários, tem 100% das UTIs ocupadas e a ocupação de todas as áreas de internação é de 83%.

    Na última quarta-feira 7, o ministro da Saúde, Mauro Falconí, foi demitido após passar apenas 19 dias no cargo. Ele é o quarto a deixar o comando da pasta desde o começo da pandemia.

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    Moreno decidiu demitir Falconí devido ao caos registrado na vacinação de idosos em Quito. Houve atrasos na chegada das vacinas em várias partes da capital equatoriana.

    A pandemia ainda deixa prejuízos acima de 6,4 bilhões de dólares, agravando a crise financeira e o desemprego, que foi de 8,59% em setembro passado. A economia dolarizada do país sofrerá em 2020 um decrescimento de 8,9%.

    Os “traços” de Correa

    Estas serão as primeiras eleições gerais desde o fim do governo de Correa (2007-2017). O ex-presidente, que mora na Bélgica desde que deixou o cargo, está inabilitado para cargos públicos no Equador após ter sido condenado a oito anos de prisão por corrupção em 2019. Seu ex-vice-presidente Jorge Glas (2013-2017) e vários de seus ex-ministros estão na prisão cumprindo penas pelo mesmo delito.

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    Apesar da ausência de Correa, a votação é celebrada à sombra da disputa entre Moreno e seu antecessor e ex-aliado, que nos últimos quatro anos mergulhou o país, no poder desde 2007, em uma crise.

    Moreno chegou ao poder impulsionado por Correa, de quem foi vice entre 2007 e 2013. Mas depois de assumir o poder em 2017, distanciou-se do ex-chefe de Estado por não compartilhar com suas posições, como a de enfrentar a imprensa, os bancos e os empresários, e deu uma guinada, retomando os vínculos com os Estados Unidos, país do qual o antecessor foi um duro crítico.

    A credibilidade e a aprovação à gestão de Moreno caíram de quase 70% no começo de seu mandato a 7% em novembro, segundo a consultoria Cedatos. Uma vitória de Arauz acabaria com qualquer traço da direita na administração de Moreno, a quem o correísmo chama de “traidor”.

    (Com AFP)

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