Em gesto desafiador, o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, 93, fez um pronunciamento em rede nacional na noite de domingo (hora local), mas ao contrário do esperado, não renunciou à presidência do país localizado no sul da África, cargo que ocupa há 37 anos.
Com um “agradeço a vocês e boa noite”, Mugabe encerrou seu longo pronunciamento à nação e mergulhou –mais uma vez nesta semana– o Zimbábue no caos da incerteza política. Mugabe pediu ainda aos zimbabuanos para “seguirem em frente” e “aprenderem a perdoar”.
Antes disso, ainda durante o domingo, o Comitê Central do partido do presidente a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), havia dado um ultimato ao atual governante para que ele renunciasse até o meio-dia de segunda-feira ou a legenda daria início aos procedimentos de impeachment para removê-lo do poder.
O partido também havia decidido expulsar completamente da formação a primeira-dama, Grace Mugabe, 52, um dos pivôs da crise nacional e que acalentava ambições de liderar o país tão logo seu marido renunciasse — ou morresse.
As incertezas no Zimbábue começaram há cerca de duas semanas, quando Mugabe demitiu seu vice, Emmerson Mnangagwa, também conhecido como “o crocodilo”. O gesto foi tomado como intenção de posicionar Grace para assumir o poder e deu início à atual crise: o exército interveio na emissora estatal e Mugabe acabou ficando em prisão domiciliar desde o último dia 14. No sábado, grandes manifestações populares contra o presidente diminuíram ainda mais suas chances políticas.
O Comitê Central da ZANU-PF, em mais um sinal de que não apoiaria Mugabe, havia destituído o ditador da presidência do partido, escolhendo justamente “o crocodilo” como novo líder da legenda.
Durante o pronunciamento, Mugabe pediu desculpas por se perder nas páginas do longo discurso, levando internautas e jornalistas a fazerem piada com o assunto, dizendo que ele havia perdido justamente a página onde anunciava sua renúncia.
(Com agências)