O presidente da Rússia, Vladimir Putin, decidiu concorrer às eleições presidenciais de março já que acredita que deve liderar o país durante seu período mais perigoso em décadas, o que pode manter o líder no Kremlin até pelo menos 2030. A informação foi confirmada pela agência de notícias Reuters de acordo com comentários de seis fontes.
“A decisão foi tomada – ele concorrerá”, disse uma das fontes que tem conhecimento do planejamento.
Analistas familiarizados com o pensamento do Kremlin confirmaram que a decisão foi tomada e os conselheiros de Putin já estavam se preparando para a sua participação nas eleições. Porém, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o presidente ainda não comentou o assunto, acrescentando que “a campanha ainda não foi anunciada oficialmente”.
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Depois de neutralizar um motim armado do grupo mercenário Wagner em junho, Putin concentrou os seus esforços em reforçar o apoio entre a sua base central nas forças de segurança, nas forças armadas e junto dos eleitores regionais fora de Moscou. O presidente passou a fazer inúmeras aparições públicas, incluindo nas regiões fora da capital, além de aumentar o orçamento russo para Defesa.
Embora muitos diplomatas e autoridades russas tenham dito que esperam que Putin permaneça no poder durante toda a vida, até agora não houve nenhuma confirmação específica dos seus planos para o futuro. Caso decida concorrer, analistas afirmam que não há nenhum rival sério que pode ameaçar a sua reeleição.
O líder de 71 anos tem índices de aprovação de 80%, conta com o apoio do Estado e dos meios de comunicação estatais, e não há quase nenhuma oposição pública à continuação do seu governo. Ele recebeu a presidência de Boris Yeltsin no último dia de 1999 e já serviu como presidente por mais tempo do que qualquer outro governante russo desde Josef Stalin.
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No entanto, o líder russo lida com um dos desafios mais sérios que o país já enfrentou desde a crise dos mísseis de Cuba, em 1962. A guerra na Ucrânia desencadeou um choque externo à economia russa devido às sanções ocidentais resultantes do conflito. A inflação acelerou, enquanto o rublo caiu desde o início da guerra, e as despesas com a defesa quase um terço do orçamento total da Rússia.
“A Rússia enfrenta o poder combinado do Ocidente, portanto grandes mudanças não seriam oportunas”, disse uma autoridade russa à agência de notícias Reuters.
O Ocidente retrata Putin como um criminoso de guerra e um ditador que conduziu a Rússia a uma apropriação de terras ucranianas de estilo imperial, o que também renovou a missão da Otan, a principal aliança militar ocidental, na região. O Kremlin, porém, apresenta a guerra como parte de uma luta muito mais ampla com os Estados Unidos que, segundo Moscou, tem como objetivo derrotar o país e se apropriar dos seus recursos naturais.