Um novo relatório da Organização das Nações Unidas, divulgado nesta quarta-feira, 27, concluiu que mais um bilhão de refeições são desperdiçadas no mundo todos os dias, ao mesmo tempo em que cerca de 800 milhões de pessoas passam fome.
Cerca de um quinto dos alimentos adquiridos por famílias, restaurantes e outras partes dos sectores de serviços alimentares e retalho foram desperdiçados em 2022, o que corresponde a 1,05 bilhão de toneladas de comida, segundo atualização do Relatório do Índice de Desperdício Alimentar. No total, 13% dos alimentos produzidos em todo o mundo são descartados no percurso entre o campo e o consumo, e um terço de toda a produção vai para o lixo antes mesmo de ser comercializada.
“O desperdício de alimentos é uma tragédia global. Milhões passarão fome hoje, à medida que os alimentos são desperdiçados em todo o mundo”, diz Inger Andersen, diretora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O desperdício de alimentos foi dividido pelo relatório em duas categorias: os alimentos descartados pelas famílias, restaurantes ou outros estabelecimentos e os descartados ainda na produção. Na primeira categoria, as famílias foram responsáveis por 60% do total da perda desses produtos em 2022, enquanto o setor de serviços de alimentação e o varejo foram responsáveis, respectivamente, por 28% e 12% do desperdício.
Com base nos dados divulgados pelo relatório, uma pessoa desperdiça em média 79 quilogramas de alimentos todos os anos, podendo diferir 7 quilogramas em países de renda baixa.
Impacto no meio ambiente
O relatório do PNUMA aponta o enorme desperdício de alimentos como um dos responsáveis pelas mudanças climáticas, gerando 8% a 10% das emissões globais que provocam o aquecimento do planeta, além de levantar a discussão sobre a má distribuição desses produtos. O documento também critica a monitorização irregular das nações sobre esse problema, já que apenas 21 países incluíram a perda e o desperdício de alimentos nos seus planos climáticos nacionais.
“Esta não é apenas uma questão importante de desenvolvimento, mas os impactos desses resíduos desnecessários estão a causar custos substanciais para o clima e a natureza”, afirmou Andersen.
O descarte desses alimentos geralmente é feito em aterros, onde eles produzem metano durante a decomposição. Esse gás de efeito estufa é um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.
Além de afetar, os alimentos também são afetados pelas mudanças climáticas. Segundo o relatório, as altas temperaturas dificultando o armazenamento e o transporte dos alimentos, fazendo com que o descarte seja maior nos países mais quentes.