Mais de 1.000 pessoas morreram afogadas no Mar Mediterrâneo em 2018 ao rumarem da Líbia para a Europa, disse a Organização Internacional para as Migrações (OIM) na noite de ontem (01). A entidade destacou o aumento súbito no número de travessias nos últimos dias.
Cerca de 204 migrantes morreram na última semana depois de serem colocados em embarcações precárias por traficantes de pessoas. Além deles, 103 desapareceram em um naufrágio na sexta-feira, e um número desconhecido sumiu no domingo após um bote de borracha afundar a leste de Trípoli e deixar 41 sobreviventes.
“Há um aumento alarmante de mortes no mar no litoral da Líbia”, disse o chefe da missão da OIM para a Líbia, Othman Belbeisi, por comunicado. “Os traficantes estão explorando o desespero dos imigrantes para irem embora antes de novas operações repressivas às travessias do Mediterrâneo por parte da Europa.”
O fluxo de imigrantes diminuiu desde o pico de 2015 – o número de pessoas que arriscam embarcar na perigosa travessia a partir do norte da África caiu de centenas de milhares para dezenas de milhares. A outra rota, da Turquia para a Grécia, usada por mais de um milhão de pessoas em 2015, foi interditada em grande parte dois anos atrás.
O porta-voz da OIM, Leonard Doyle, disse que o aumento dos últimos dias pode se dever a fatores como o clima e o fim do Ramadã. “Mas também existe um reconhecimento mundial, creio, de que a União Europeia está começando a administrar o processo melhor. Então, talvez (os imigrantes) estejam igualmente tentando aproveitar enquanto podem”, afirmou Doyle. “Os traficantes de pessoas sempre colocarão o lucro antes da segurança.”
Apesar do crescimento das mortes nos últimos dias, o número de pessoas desaparecidas no mar em 2018, até agora, é menos da metade do que foi registrado a esta altura em 2017. Mas as jornadas por terra através do deserto do Saara e, depois, pelo Mar Mediterrâneo continuam a ser a rota imigratória mais fatal do mundo e a causar polarização entre os países europeus.
Partidos anti-imigração de direita assumiram o poder na Itália no mês passado, estão consolidados nos ex-países comunistas do centro da Europa e, no ano passado, conquistaram assentos no Parlamento alemão pela primeira vez desde os anos 1940.
No domingo, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, renunciou devido às propostas para a imigração trazidas de Bruxelas pela chanceler Angela Merkel, provocando dúvidas a respeito da sobrevivência de seu governo já frágil.
(Com Reuters)