Mais de 1.500 detentos: Equador promete deportar criminosos estrangeiros
Em comunicado, o presidente Daniel Noboa anunciou mais uma medida que busca combater a crise na segurança pública do país
O presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou nesta quarta-feira, 10, que vai começar a deportar os criminosos estrangeiros que cumprem penas de prisão por lá, em especial os colombianos, venezuelanos e peruanos. A medida foi anunciada após uma onda de violência que começou na segunda-feira 8, após a fuga de um importante gangster da prisão.
Em declaração a uma rádio local, o político assegurou que cerca de 1.500 presos são naturais da Colômbia, e quando somados aos que nasceram nos outros dois países sul-americanos representam em torno de 90% da população carcerária do país.
+ Violência no Equador faz ao menos 13 mortos e 70 suspeitos são presos
Um dos problemas enfrentados pelo Equador é a superlotação das prisões, em sua maioria comandadas por facções criminosas que rivalizam e fazem rebeliões corriqueiras. Desde o dia 8 de janeiro, as organizações começaram a espalhar o terror pelas ruas e protagonizam um cenário de guerra.
A iniciativa de devolver os detentos estrangeiros às nações de origem se junta a uma série de medidas tomadas por Noboa para tentar contornar a crise na segurança pública. Na terça-feira, o líder equatoriano declarou que o país estava em um estado de “conflito armado interno”, que em outras palavras significa uma guerra civil.
Ao assinar o decreto, ele permitiu que o Exército e a Polícia Nacional entrassem de vez no jogo para “neutralizarem as gangues”, além de afrouxar a regra para a entrada de combatentes voluntários, o que resulta necessariamente no armamento de civis.
+ A evolução das gangues por trás da onda de violência no Equador
Efeitos da intervenção militar
No primeiro dia sob o decreto que colocou o Exército nas ruas, pelo menos 40 eventos violentos foram registrados, com ao menos 13 pessoas mortes e cerca de 70 detidas.
Os eventos registrados nas últimas 24 horas incluem carros-bomba, sequestro de policiais nas ruas, a fuga de outro criminoso altamente perigoso e um ataque a um estúdio de televisão estatal, no meio de uma transmissão ao vivo.
Por que há tantas gangues no Equador?
O país fica entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores de cocaína do mundo – indústria que, de acordo com o Relatório Global das Nações Unidas sobre a Cocaína de 2023, atingiu recentemente um nível recorde.
As forças de segurança colombianas, em particular, passaram décadas tentando conter o fluxo da droga, com a parceria dos Estados Unidos – história que se popularizou com a série “Narcos”, da Netflix. Em reação à repressão, porém, os traficantes se tornaram mais internacionais.
Os cartéis de droga mexicanos e grupos criminosos dos Balcãs encontraram uma posição segura na América do Sul depois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), guerrilha paramilitar que controlava muitas das rotas de contrabando na Colômbia, serem desmobilizadas e desarmadas como parte de um acordo de paz, assinado em 2016. Seu maior objetivo é transportar a cocaína produzida na Colômbia para compradores na Europa e nos Estados Unidos – e aí entra o Equador.
Com os seus grandes portos na costa do Pacífico e experiências limitadas em lidar com gangues criminosas, o pequeno país sul-americano rapidamente se tornou um ponto de trânsito atraente para carregamentos de drogas vindas do México e da Colômbia.