O líder venezuelano Nicolás Maduro afirmou que o país é vítima de uma “guerra política” promovida pelos Estados Unidos, “servindo aos interesses da extrema direita e da Ku Klux Klan, que comanda a Casa Branca”. Em entrevista concedida à BBC, em Caracas, Maduro ainda disse esperar que esse “grupo extremista” seja derrotado pela opinião pública mundial.
Quando questionado sobre sua menção à Ku Klux Klan e a uma possível postura racista do presidente americano, Donald Trump, Maduro reiterou que o líder é um “supremacista branco” confesso. “Ele é, publicamente e confessamente. Eles nos odeiam e nos diminuem porque só acreditam em seus próprios interesses e nos interesses dos Estados Unidos”, concluiu o chavista.
Maduro também se manteve firme quanto à proibição da entrada de ajuda humanitária no país latino-americano, que definiu como uma forma de Trump justificar uma futura intervenção militar.
“Eles estão instigando a guerra para tomar a Venezuela. Esta é uma parte da charada. Isso é o porque, com toda dignidade, nós dizemos a eles que não queremos suas migalhas, sua comida tóxica, seus restos”, explicou Maduro. “A Venezuela tem a capacidade de satisfazer as necessidades de seu povo. Não precisamos implorar nada para ninguém”.
A Venezuela vem enfrentando há anos um forte racionamento de itens básicos, como comida e medicamentos. No último ano, a taxa de inflação alcançou 2.600.000% e fez com que o preço dos produtos essenciais dobrassem, em média, a cada 19 dias. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), três milhões de pessoas já deixaram o país desde o início da crise, pressionando as nações fronteiriças que recebem os refugiados, como o Brasil e a Colômbia.
Principal alvo dos ataques de Maduro, os Estados Unidos foram um dos primeiros países a reconhecer o líder oposicionista, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela no último dia 23 de janeiro. A oposição alega que a reeleição do chefe do Executivo em 2018 foi fraudada e que sua posse em 10 de janeiro, portanto, é “ilegítima”. Washington foi seguido pelo Canadá, parte da União Europeia e pela maioria das nações latino-americanas do Grupo de Lima, como o Brasil.
Os aliados de Guaidó esperam que Maduro ceda às pressões internacionais e entregue seu cargo a um governo de transição, que convocará novas eleições. Os Estados Unidos bloquearam o acesso do governo venezuelano às contas americanas da estatal petrolífera PDVSA, responsável por 90% das receitas do país. Autoridades ligadas a Trump fazem duras críticas à repressão violenta de oposicionistas e à corrupção nos órgãos públicos, comandados por aliados de Maduro.
O chavista, que ainda conta com o apoio da Rússia e da China, assim como do Exército venezuelano, disse que não vê qual “a lógica e a razão de se repetir uma eleição”, afirmando que apenas 10 países apoiam o governo interino — na verdade, mais de 40 nações reconheceram Guaidó como o líder legítimo.
Há a expectativa de novos protestos contra Maduro nesta terça-feira, 12, depois de uma convocação pública do presidente interino.