O presidente centrista da França, Emmanuel Macron, do partido A República em Marcha (LRM), sofreu o seu primeiro revés nas urnas neste domingo (24) em uma eleição indireta para renovar metade dos assentos do Senado francês, no qual os opositores da direita conseguiram ampliar sua maioria.
De acordo com os primeiros resultados, os Republicanos (LR), o principal partido de oposição da direita, lideravam a disputa com 142 assentos em um total de 348, ampliando a sua maioria. O partido de Macron, que tinha 29 senadores, poderia conseguir entre “20 a 30 senadores”.
Segundo as projeções, o Partido Socialista, que, após o impopular mandato do ex-presidente François Hollande, sofreu vários fracassos eleitorais, obteria melhores resultados do que o previsto e conquistaria por volta de 70 lugares, se mantendo como segunda principal força do Senado.
O partido de extrema direita Frente Nacional (FN), que obteve seus primeiros dois assentos no Senado em 2014, não conseguiu ampliar a sua participação, ainda que, segundo a sua líder, Marine Le Pen, segunda colocada na última eleição presidencial, tenha registrado “um significativo aumento de votos”.
Queda na popularidade
O LRM de Macron sonhava com uma nova vitória para fechar com o pé direito este ano de maratona eleitoral. Porém, teve que rever suas ambições em um contexto marcado pela queda de popularidade do jovem chefe de Estado, de 39 anos, no poder há menos de cinco meses.
Os senadores são eleitos por voto indireto por um colegiado de grandes eleitores, dos quais 95% são vereadores. O partido de Macron enfrentava essas votações com duas desvantagens. Essa eleição por voto indireto não é favorável ao chefe de Estado, já que o seu partido foi construído em relação quase direta entre o presidente e os franceses. A isso soma-se um contexto difícil com a concretização nas últimas semanas das primeiras grandes reformas prometidas pelo presidente, que incluem 300 milhões de euros em cortes no orçamento destinado às autoridades locais e regionais.
Na prática, as consequências desses resultados são limitadas, uma vez que na França, em caso de desacordo entre as duas câmaras do Parlamento, a última palavra é dos deputados. Entretanto, isso pode acarretar na dificuldade na implementação de metas do governo, já que um Senado de direita pode retardar a aprovação de propostas. Além disso, a aprovação do Senado é indispensável para a criação de emendas constitucionais, o que poderia atrapalhar os planos de Macron, que havia prometido realizar importantes reformas constitucionais, incluindo a redução de um terço do número de parlamentares.
Os novos senadores iniciarão suas atividades no dia 2 de outubro, quando devem eleger seu novo presidente. O atual, Gérard Larcher, é o único candidato declarado. Na França, o presidente do Senado, como segunda personalidade do Estado, é o responsável por substituir o presidente em caso de morte ou destituição do cargo.
(Com AFP)