O presidente da França, Emmanuel Macron, negou nesta segunda-feira, 8, o pedido de renúncia feito pelo primeiro-ministro Gabriel Attal, após o governo perder a maioria na Assembleia Nacional e ficar no segundo lugar entre os mais votados no pleito de domingo. Segundo o presidente, é importante que o premiê permaneça no cargo para “garantir a estabilidade” e a continuidade até que um novo governo seja formado.
Grande vitoriosa do pleito, a Nova Frente Popular, aliança de partidos de esquerda, conquistou 182 cadeiras no Parlamento, enquanto a coalizão Juntos, das forças de centro ligadas a Macron, conseguiu 168 assentos. Já o Reagrupamento Nacional, partido de extrema direita liderado por Marine Le Pen e Jordan Bardella, terminou com 143 deputados eleitos, um amplo crescimento na comparação com a atual bancada de 89 deputados da sigla.
Depois dos resultados, no domingo, Attal, alçado ao posto de premiê mais jovem do país em janeiro, disse que entregaria seu cargo. Em discurso, ele disse que “o partido político que representei não tem mais maioria” e, por isso, seria fiel à “tradição republicana e meus princípios”, apresentando sua renúncia ao presidente.
Em comunicado, o Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, afirmou que o presidente rejeitou o pedido “por ora”. Pouco antes, Macron já havia falado que pretende esperar o início da nova legislatura, em 18 de julho, para decidir quem nomeará como primeiro-ministro.
A eleição
O Ministério do Interior da França estima que o comparecimento às urnas neste domingo superou os 60%, algo surpreendente para um país onde o voto é facultativo e o maior engajamento costuma ser reservado às eleições presidenciais. O pleito de hoje representa o segundo turno das eleições legislativas — no primeiro turno, realizado no último domingo, 30, a participação chegou a mais de 66%, maior proporção desde as votações de 1997.
Mesmo com o desempenho surpreendente da aliança de esquerda, nenhum bloco conseguiu 289 dos 577 assentos da Assembleia Nacional. Assim, a tendência é que a Nova Frente Popular negocie a formação de uma coalizão com o grupo de Macron, de centro-direita, para superar a extrema direita de Le Pen.
O ex-deputado Jean-Luc Melénchon, fundador do França Insubmissa, um dos principais partidos da Nova Frente Popular, afirmou que seu bloco está “pronto para governar”. Repercutindo as projeções das pesquisas de boca de urna, o ex-parlamentar declarou que “a derrota do presidente da República está claramente confirmada” e que Macron precisa “admiti-la sem tentar se esquivar”.