Lula usa primeiro discurso no G20 para pedir cessar-fogo completo em Gaza
Petista, que assumiu a liderança do bloco em setembro, também defendeu a solução de dois Estados, um israelense e outro palestino
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou, nesta quarta-feira, 13, seu primeiro discurso à frente do G20 para pedir por um cessar-fogo “permanente” na Faixa de Gaza, palco da guerra Israel-Hamas, e para clamar pela libertação “imediata” dos reféns do grupo terrorista palestino. O petista, que assumiu a liderança do bloco em setembro, também defendeu a solução de dois Estados, um israelense e outro palestino.
“O Brasil continuará trabalhando pelo cessar-fogo permanente, que permita a entrada da ajuda humanitária em Gaza, e pela libertação humanitária imediata de todos os reféns pelo Hamas”, disse na reunião inédita do G20, em Brasília.
“É fundamental que a comunidade internacional trabalhe para a solução de dois Estados, vivendo lado a lado em segurança e harmonia. Sem ação coletiva, essas múltiplas crises podem multiplicar-se e aprofundar-se”, acrescentou.
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Brasil de “luto”: vítimas e cativos
No discurso, Lula prestou solidariedade às mulheres e crianças do Oriente Médio e afirmou que o Brasil está de “luto” pelas mortes nas regiões de confronto. Até o momento, quase 20 mil pessoas foram mortas – mais de 18 mil palestinos e cerca de 1.200 israelenses.
“O Brasil segue de luto com o trágico conflito entre Israel e Palestina. A violação cotidiana do direito humanitário é chocante e resulta em milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças”, expressou.
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahy, alega que ao menos 116 homens, 19 mulheres, 10 idosos e duas crianças ainda estão detidos pelo Hamas. Entre eles, está o israelo-brasileiro, Michel Nisenbaum, de 59 anos. Ainda na segunda-feira 11, o petista encontrou com a filha de Nisenbaum, Hen Mahluf, e informou que não há novas informações sobre o refém.
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Entrevista a VEJA
Em entrevista exclusiva a VEJA, Mahluf revelou que, a princípio, não havia contado para seus filhos, de 7, 5 e 2 anos, que o avô havia sido sequestrado. As constantes perguntas dos pequenos sobre o paradeiro dele, no entanto, a obrigaram a contar que Nisenbaum “estava em um lugar que não era seguro” e “que não conseguia entrar em contato com ele, mas que havia muita gente nos ajudando a encontrá-lo”.
“Em relação ao Brasil, não sei avaliar se os esforços do governo foram maiores para resgatar brasileiros de Israel e de Gaza do que para resgatar meu pai. Mas preciso pensar em meu coração que são iniciativas equivalentes. Se não pensar assim, não vai sobrar nenhuma esperança”, continuou.
“Não importa para mim quanto tempo demorou para o governo Lula reconhecer que havia um brasileiro entre os desaparecidos. Se esses dois meses que foram, ou mesmo se tivesse sido só uma semana. Basta que hoje podemos estar aqui e todos estão falando sobre ele. Sinto que assim fiz minha parte”, concluiu.