O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou nesta segunda-feira, 21, em Johanesburgo, capital sul-africana, para participar da cúpula de líderes dos países do Brics, o bloco dos emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No continente africano, o petista também visitará Angola e São Tomé e Príncipe.
A África do Sul abrigará a 15ª Cúpula dos chefes de Estado dos Brics. Lula deve engajar em conversas e negociações com os presidentes sul-africano, Cyril Ramaphosa, e chinês, Xi Jinping, bem como com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participará de forma remota, devido a um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional em Haia contra ele.
Na terça-feira, 22, os líderes dos Brics participarão de um fórum empresarial e depois se reunirão em um “retiro”, o evento exclusivo aos chefes de Estado e governo e respectivos ministros das Relações Exteriores. O chanceler russo, Sergei Lavrov, estará presente, segundo o governo brasileiro.
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No dia seguinte, está marcada a reunião de cúpula em si, que ocorrerá em duas sessões. E, na quinta-feira, 24, haverá um encontro estendido entre os membros do Brics e cerca de 40 países convidados. Em sua maioria, chefes de Estado e governo de nações interessadas em ingressar no bloco, vindos da África, da América do Sul, do Caribe e da Ásia.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o encontro entre os presidentes terá três temas principais.
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O primeiro é a expansão do Brics, sobre a qual o presidente Lula já levantou a possibilidade da inclusão de países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e a Argentina. O Itamaraty declarou que 22 países já entraram com pedido de adesão, e os negociadores da cúpula têm conversado sobre as características desses novos membros e os parâmetros de permissão de entrada no grupo.
Também estarão na pauta as questões específicas do continente africano, do qual o líder brasileiro defende se reaproximar. Lula confirmou a intenção de fazer um “giro” no continente para retomar as boas relações com os países africanos – seu antecessor, Jair Bolsonaro, não esteve na África durante o mandato (2019-2022). Depois da cúpula, o petista segue para Angola (25 e 26 de agosto) para encontros com lideranças políticas, e para São Tomé e Príncipe (27 de agosto), onde participará da cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O terceiro ponto é a discussão sobre o uso de uma moeda comum para as transações comerciais entre os países do bloco. Lula tem defendido que os países tenham a opção de fazer as negociações em outra moeda além do dólar e que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco dos Brics, possa escolher qual moeda utilizar. O presidente argumenta que a mudança pode fortalecer outras moedas.
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Na semana passada, o Itamaraty também indicou que a guerra na Ucrânia estará na pauta. O tema deve aparecer no chamado “retiro”. Putin será representado, como nos demais eventos da cúpula, por seu chanceler.
A guerra entre Rússia e Ucrânia já dura um ano e meio, e Lula defende a criação de um “clube de paz”, um grupo formado por países neutros que possam mediar um eventual acordo para o fim do conflito.