A deputada federal Fernanda Melchionna (RS) denunciou o presidente Jair Bolsonaro por “graves ameaças às liberdades democráticas” e “defesa da tortura” durante entrevista coletiva à imprensa no Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 26. Líder do PSOL, Melchionna sugeriu que a família Bolsonaro se relaciona com milícias brasileiras e com pessoas acusadas de envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, dizendo que “a luta de resistência deve ser internacional”.
Melchionna e suas colegas Joênia Wapichana (Rede) e Erika Kokay (PT) foram convidadas pelas deputadas americanas Debra Haaland e Ilhan Omar, do Partido Democrata, para um intercâmbio parlamentar. O objetivo era discutir a situação das políticas ambientais, trabalhistas e de gênero nos dois países. A visita e as declarações de Melchionna se deram no momento em que Bolsonaro se vê criticado duramente por políticos de diferentes linhas ideológicas por ter apoiado um protesto contra o Congresso Nacional e em sua defesa, marcado para 15 de março.
A líder do PSOL alegou que Bolsonaro tem atacado frequentemente comunidades indígenas, mulheres e outras populações vulnerabilizadas, como negros e LGBTI+, afirmando que o atual governo brasileiro tem o mesmo perfil do que o dos Estados Unidos no momento. “Temos um presidente que defende a tortura e que de fato quer restringir as liberdades democráticas. É hora de dar um basta”, declarou, pedindo por manifestações populares contra Bolsonaro.
A deputada Ilhan Omar sustentou que a presidência brasileira faz parte de movimentos de avanço da extrema direita, os quais fortalecem uns aos outros. “Sabemos que estes grupos de extrema direita estão compartilhando estratégias internacionalmente”, afirma.
Omar é conhecida por fazer parte de um grupo de mulheres no Congresso apelidado de Squad, ou “Esquadrão”, composto apenas de deputadas não-caucasianas. Ela, Alexandria Ocasio-Cortez, Rashida Tlaib e Ayanna Pressley fazem duras críticas ao presidente americano, Donald Trump, e mantêm ativismo pelas questões de gênero e posicionamento anti-establishment generalizado.
As deputadas também tiveram reuniões na Organização dos Estados Americanos (OEA), além de encontros no Departamento de Estado para discutir políticas na área de direitos humanos e trabalho e participaram de painéis em universidades locais.