O ex-candidato à Presidência de Camarões e líder da oposição, Maurice Kamto, foi preso nesta segunda-feira 28 na cidade de Douala, após um violento final de semana de protestos contra o governo.
Segundo seu advogado, Kamto foi detido na casa de um dos membros de seu partido, o Movimento Renascentista de Camarões. Sua localização ainda é desconhecida.
Após sua prisão, dezenas de pessoas cercaram a casa para protestar. Agentes da polícia tiveram que atirar para o alto para dispersar a multidão.
O ex-candidato e sua legenda afirmam ter vencido as eleições de outubro do ano passado contra o presidente Paul Biya, 85, no poder há 36 anos. Os resultados oficiais, contudo, apontam que ele recebeu apenas 14% dos votos.
A oposição vem constantemente acusando o governo de fraude e convocando os cidadãos para protestarem contra a administração atual.
Agbor Bala, advogado de Kamto, afirmou à agência de notícias Reuters que o líder opositor foi preso por convocar manifestações para o último final de semana.
Além de Kamto, o tesoureiro do Movimento Renascentista e outras figuras importantes da oposição foram detidas. Um homem foi supostamente arrancado de seu leito no hospital, onde ainda se recuperava após ficar ferido durante as manifestações.
Os protestos
Grandes manifestações são raras em Camarões e tendem a ser rapidamente abafadas pelas forças de segurança ou acabar em prisões em massa.
As manifestações deste final de semana foram convocadas por Kamto e seu partido para protestar contra as irregularidades das eleições de outubro e o governo de Biya. Alegando que os atos não haviam sido autorizados, as forças de segurança reprimiram dezenas de manifestantes que saíram às ruas de diversas cidades pelo país.
Segundo a organização Anistia Internacional, ao menos sete pessoas foram baleadas e outras muitas agredidas. Mais de 100 manifestantes foram presos entre sábado e domingo em Douala, Yaoundé, Dschang, Bafoussam e Bafang.
“As autoridades camaronesas devem libertar imediatamente e incondicionalmente os manifestantes detidos simplesmente por exercerem seu direito ao protesto pacífico no fim de semana. Ninguém deve ser preso simplesmente por falar”, afirmou a AI em comunicado.