Candidata de extrema-direita à Presidência da França, Marine Le Pen, da Frente Nacional, cresceu 5% e agora registra 40% das intenções de voto no segundo turno. Le Pen, no entanto, segue 20 pontos porcentuais atrás do adversário Emmanuel Macron, candidato de centro que ganhou nos últimos dias o apoio do atual presidente, o socialista François Hollande.
Neste sábado, Le Pen anunciou quem será o primeiro-ministro do seu governo caso seja eleita. O escolhido Nicolas Dupont-Aignan, político eurocético – termo pelo qual são conhecidos os políticos contrários à União Europeia – que concorreu à presidência e ficou em 6º lugar, com 4,7%. Ele foi o único candidato a declarar apoio a Le Pen no 2º turno.
A candidata justificou esta decisão em nome do “patriotismo” e do “projeto comum” que ambos defendem. “É um dia histórico porque privilegiamos os interesses da França em detrimento dos interesses pessoais e partidários”, disse Dupont-Aignan, de 56 anos.
O apoio dele à extrema-direita provocou turbulências dentro do seu partido, com a renúncia de vários funcionários, e a irritação de moradores da cidade da qual é prefeito, na região parisiense, que protestaram aos gritos de “Dupont renúncia”. Nas fileiras da direita, o deputado Jean-François Copé denunciou “uma imensa falta de política e de moral”, enquanto o secretário-geral do “Os Republicanos”, Bernard Accoyer, estimou que eurocético “perdeu sua honra”.
Dos demais candidatos, os historicamente opostos Os Republicanos e Partido Socialista, representados nas urnas por François Fillon e Benoít Hamon, apoiam Macron. Candidato da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, que teve mais de 19% dos votos, declarou neutralidade na segunda etapa.
Hollande
O presidente François Hollande já havia declarado o voto em Macron, seu ex-ministro da Economia, mas não tinha feito apelo aos eleitores até este sábado. “É preciso pegar a cédula de votação e considerá-la como a cédula que vai livrar [o país] da extrema-direita”, afirmou Hollande. A declaração foi dada após a reunião de cúpula da União Europeia para discutir o Brexit, como é conhecido o processo para a saída do Reino Unido do bloco europeu.
Na avaliação do presidente francês, os eleitores têm responsabilidade não só com o próprio país, mas com a Europa como um todo, se referindo a posição anti-União Europeia da candidata da Frente Nacional. “As consequências seriam sérias se a França se afastasse da Europa. A escolha do povo francês é uma escolha para a França, mas também para a União Europeia”, concluiu.
O ex-primeiro-ministro de direita Alain Juppé, que foi pré-candidato do partido Os Republicanos, também falou a favor de Macron. Para Juppé, os franceses devem optar pelo centrista porque “porque ele é o único que no dia 7 de maio pode evitar a desgraça da FN na França”.
(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)