Kremlin critica condenação de Trump como uma eliminação de rival político
Rússia sugere que Casa Branca usa-se de 'meios legais e ilegais' para silenciar adversários, imitando críticas que Washington faz a Vladimir Putin
O Kremlin criticou, nesta sexta-feira 31, a condenação do ex-presidente americano Donald Trump, no caso de pagamento de suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels. Para a Rússia, nos Estados Unidos usa-se “meios legais e ilegais” para eliminar rivais políticos, uma sugestão de que a Casa Branca, sob a gestão do presidente Joe Biden, teria influenciado o julgamento do adversário republicano.
“Se falarmos sobre Trump, o fato é que simplesmente há uma eliminação de rivais políticos, ‘de facto’, por todos os meios possíveis, legais e ilegais. É óbvio”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em uma entrevista coletiva.
Trump se tornou o primeiro presidente americano, no cargo ou não, a ser condenado criminalmente na história dos Estados Unidos, após um júri popular considerá-lo culpado de todas as 34 acusações na quinta-feira 30 no caso sobre falsificação de registros de negócios, para encobrir um escândalo sexual envolvendo a ex-atriz pornô Stormy Daniels que ameaçava prejudicar sua campanha presidencial em 2016. A sentença será definida no dia 11 de julho.
Desde o pleito daquele ano, em que o republicano venceu a democrata Hillary Clinton, Trump é acusado de apoiar o presidente russo, Vladimir Putin, que o teria ajudado com uma interferência de hackers na eleição americana a seu favor. Uma apuração de três anos feita pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, porém, isentou a campanha trumpista de ter se aliado à Rússia para ganhar o pleito.
Enquanto isso, a acusação do Kremlin imita uma crítica recorrente de Washington sobre Moscou: que o governo russo persegue e elimina adversários políticos de Putin. No caso mais recente, o líder da oposição no país, Alexei Navalny, morreu em uma colônia penal na remota região de Yamalo-Nenets, no Ártico. Ele estava detido por atividades que o governo considerava “extremistas” e por uma suposta fraude.
Antes de ser preso, Navalny também ficou internado em um hospital alemão, sob suspeita de envenenamento. No centro médico, foram detectados traços do agente nervoso Novichok, muito utilizado contra outros dissidentes russos mortos em anos recentes e durante a era soviética.