A escritora e jornalista E. Jean Carroll acusa o presidente americano de tê-la estuprado nos anos 1990. Carroll aparece na reportagem de capa da revista New York, publicada nesta sexta-feira, 21, com a manchete, “Isto é o que eu estava usando há 23 anos quando Donald Trump me atacou numa cabine de provas da Bergdorf Goodman“, numa referência à sofisticada loja de departamentos da 5ª Avenida, em Manhattan.
O presidente Trump negou a história e afirmou que nunca a encontrou, embora Carroll tenha publicado uma foto dos dois num evento. Na declaração oficial da Casa Branca, Trump acusa a escritora de tentar vender seu novo livro e pede que procurem sinais de que democratas estão por trás das acusações.
Carroll, de 75 anos, é uma conhecida colunista da revista Elle e está lançando, no dia 2 de julho, o livro What Do We Need Men For? A Modest Proposal (Para Quê Precisamos de homens? Uma Proposta Modesta) em que cita seis incidentes de agressão sexual perpetrados por homens diferentes. Um deles é o recém-demitido Les Moonves, o outrora poderoso CEO da rede CBS.
Esta é a 16ª acusação de agressão sexual feita contra o presidente americano e a mais séria. Carroll recorda, no artigo da New York, que Trump a reconheceu na Bergdorf Goodman como “aquela moça que dá conselhos” e ela o reconheceu como o empresário imobiliário. Ela já era bastante conhecida e, além das colunas na Elle, escrevia regularmente para revistas como Playboy e Esquire, além de ter um talk show num canal a cabo. Trump, que, em 1997, era casado com Marla Maples, sua segunda mulher, disse que estava procurando um presente para uma jovem e teria pedido recomendações a Carroll.
Os dois foram parar no departamento de lingerie e Trump teria pedido a Carroll para experimentar um modelo de bodysuit. Ela se recusou e brincou: “Por que você não experimenta?”. Mas Trump teria se tornado violento quando chegaram à cabine de provas. Foi quando Carroll descreve o estupro, dentro da cabine. Não havia câmeras para registrar o que ocorria na área.
Mas E. Jean Carroll relatou o episódio em seguida a duas amigas e ambas confirmaram a versão para a revista New York. Por que esperar tantos anos para revelar um estupro? A escritora diz à revista que temia a humilhação pública, as possíveis ameaças de morte e “ser arrastada na lama”.
Numa entrevista à rede de cabo MSNBC, nesta sexta-feira, 21, à noite, Carroll recordou o alegado estupro em detalhes. Ela disse que se sentia culpada por ter acompanhado Trump até as cabines de prova. E afirmou também que não iria processar o presidente por respeito a mulheres menos favorecidas que sofrem agressões sexuais e não tiveram recursos como ela. Ex-promotoras federais entrevistadas pela MSNBC disseram se tratar de um caso clássico de estupro em primeiro grau. E destacaram o fato de Carrolll ter guardado, sem lavar, a roupa que usava naquele dia e que só vestiu de novo para a foto da capa da revista New York.