O ministério das Relações Exteriores formalizou, nesta segunda-feira 15, a decisão do Brasil de deixar a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) pouco depois de ser informado que a Bolívia havia passado para o país a presidência temporária do bloco.
“O governo brasileiro denunciou, no dia de hoje, o Tratado Constitutivo da Unasul, formalizando sua saída da organização”, informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
Segundo o Itamaraty, a decisão foi informada ao governo do Equador, que é depositário do acordo de criação da Unasul, e terá efeitos daqui a seis meses, contados a partir de hoje.
No comunicado, o governo brasileiro lembrou que, junto com Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru, decidiu suspender a participação na Unasul devido à crise no órgão, uma situação que, para o Itamaraty, não se alterou desde então.
A Unasul está sem secretário-geral desde 2017, quando Ernesto Samper deixou o cargo. Os países que formavam o bloco também não estavam se reunindo por conta das divergências internas.
O comunicado também cita que o Brasil assinou um documento no qual mostrou a intenção de constituir o Fórum para o Progresso da América do Sul (Prosul), em substituição da Unasul. Fazem parte da iniciativa Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru.
“O novo fórum terá estrutura leve e flexível, com regras de funcionamento claras e mecanismo ágil de tomada de decisões. Terá, ainda, a plena vigência da democracia e o respeito aos direitos humanos como requisitos essenciais para os seus membros”, disse a nota divulgada hoje pelo Itamaraty.
O anúncio ocorreu poucos dias depois de Argentina e Paraguai terem informado que deixariam a Unasul.
A Bolívia transferiu a presidência temporária do bloco ao Brasil depois de não conseguir reunir os chanceleres dos países-membros.
O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Diego Pary, disse em entrevista coletiva que enviou a documentação oficial da transferência da presidência temporária da Unasul ao Brasil após o país ter exercido o cargo por um ano, desde abril de 2018.
Os primeiros países que formalizaram a saída do bloco foram Colômbia e Peru. O Equador seguiu os passos dos vizinhos pouco depois e pediu para retomar a gestão do imóvel construído para servir como sede da Unasul em Quito, capital do país.
Os únicos membros que seguem ativos na Unasul são Uruguai, Guiana, Bolívia, Suriname e Venezuela.
A Unasul nasceu em 2008 como um projeto do então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, sendo apoiado por outras lideranças regionais, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
(Com EFE)